Receios fundados

Em postagens anteriores, comentei que as "ações espetaculares" da polícia federal coincidiam com alguns problemas do governo do apedeuta. Seriam manobras destinadas a desviar a atenção dos brasileiros.

Quero levantar outra hipótese que me ocorreu, sem que me considerem um criador de teorias conspiratórias.

A policia federal, com aval de um ministro do STF nomeado pelo apedeuta, efetuou a prisão de muitas pessoas, entre elas juízes, desembargadores, advogados, etc. Algumas delas provavelmente terão culpa em cartório, como deverá ficar demonstrado em processo onde se assegure o contraditório e a ampla defesa. De qualquer maneira, a operação teve ampla repercussão na sociedade e todos estão previamente condenados, mesmo que somente pela opinião pública.

Agora, deflagra-se nova operação (navalha - atentem para o nome criativo) onde são presos assessores de ministro, ex-governadores, prefeitos, enfim, dezenas de pessoas de influência na sociedade. O decreto de prisão tem a assinatura da ministra do STJ, Eliana Calmon.

Não estaria a ministra sentindo-se "coagida" pela repercussão das operações anteriores? Explico-me: Se não decretar a prisão, não poderia ser considerada conivente ou, ao menos, irresponsável? Não teria ela ficado no dilema: se não decreto, posso ser acusada pela imprensa, se decreto, livro minha face de qualquer acusação? Assim, danem-se os direitos fundamentais do cidadão, desde que não possa ser acusada de não mandar prender os "culpados". O questionamento tem relevância considerando-se que no Brasil, atualmente, vigora o princípio da presunção da culpa, cabendo ao acusado provar sua inocência. É lamentável, mas é verdade. O princípio constitucional da inocência foi jogado na lata do lixo pelos meios de comunicação. Os acusados é que, se quiserem, devem provar não ter culpa. Ao acusador, ou à opinião pública, basta existir a ordem judicial - muitas vezes não bem fundamentada - e filmar a prisão dos acusados, de preferência saindo de madrugada para efetuar as prisões e algemando pessoas que não apresentaram nenhuma reação. A partir daí, o problema é do acusado e não mais do acusador.

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