Em terra de cego, emudeça. Tampe o ouvido, esconda o tato. Deixe que tudo pereça. Recuse espelho, largue o fato. Passe cinzas na cabeça. Vende os olhos, como il matto . Em terra de cego, ceda à passagem da manada. Enverede por veredas, busque o pó, aceite o nada. Em terra de cego, fuja de chegar perto da cruz. Lave as mãos e coma uvas. Vá atrás do que conduz. Em terra de cego, poupe. Mescle-se à mediocridade. Vão achar que nunca houve tão bom homem na cidade. Mas, se você for teimoso, insistir em enxergar, cego arrancará o olho que você não quis fechar. Afinal, a terra é dele. E ele, que não vislumbra, morre de medo de ser visto por quem vê fora da tumba. (copiado do Blog Arrastão, de Janaína Leite)