Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2022

Editorial do Estadão, 31/10/2022

Lula tem o dever de arrefecer os ânimos Vitória do petista está longe de representar uma solução. Trata-se de um novo desafio, a exigir vigilância e participação democrática. Oposição responsável é imprescindível Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 30 de outubro de 2022 | 21h41 Jair Bolsonaro é o primeiro presidente da República que, tendo disputado a reeleição, não foi reconduzido ao cargo. A maioria do eleitorado rejeitou neste domingo um governo que se mostrou, desde o primeiro momento, conflituoso, desumano e assustadoramente destrutivo. Eleito em 2018 sob a bandeira do antipetismo e do combate à corrupção, Jair Bolsonaro mostrou-se incapaz não apenas de cumprir minimamente um programa de governo, mas de se portar como presidente da República em suas mais básicas exigências legais e cívicas. Se é um imenso alívio pensar que o Brasil não terá, pelos próximos quatro anos, Jair Bolsonaro na Presidência da República, é preciso reconhecer que o resultado das eleições deste do

Editorial do Estadão, 27/10/2022

Constituição de 1988, caminho de paz É urgente a tarefa de pacificação nacional, que inclui respeitar as liberdades fundamentais e prover uma mais madura compreensão da independência e harmonia entre os Poderes Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 27 de outubro de 2022 | 03h00 Se há uma necessidade consensual para 2023, seja quem for o presidente eleito no domingo, é a pacificação nacional. Para este jornal, não há desenvolvimento social e econômico possível com tanto conflito, com tanta agressividade, com tanto atrito entre os Poderes. O que ocorreu nos últimos quatro anos no País foi absolutamente disfuncional. Por isso, consideramos que o Brasil precisa urgentemente de paz – e isso é uma tarefa de todos; muito especialmente, de quem exerce autoridade no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. A dimensão da tarefa pacificadora pode causar certa perplexidade. Pode-se ter a impressão de ser uma empreitada difícil demais, em que as pontes de diálogo, racionalidade e equilíbri

Primeiro editorial do Estadão, 26/10/2022

  Que democracia? A democracia é a melhor forma de governo para 79% dos brasileiros, mas os mesmos eleitores apoiam um candidato que admira ditaduras e outro que defende direitos só para ‘maioria’ Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 26 de outubro de 2022 | 03h00 O Datafolha acaba de publicar uma pesquisa que aponta que 79% dos brasileiros consideram que a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo. Trata-se do maior índice de aprovação do regime das liberdades desde o início da série histórica, em 1989. O apoio a uma ditadura “em certas circunstâncias” une 5% dos respondentes, o menor porcentual já registrado pelo instituto. Já os que acham que “tanto faz” entre democracia e ditadura somam 11%. É alvissareiro, não resta dúvida, que a esmagadora maioria da sociedade apoie a democracia, sobretudo porque esse resultado foi aferido a menos de dez dias do segundo turno da eleição presidencial. E esta não é uma eleição trivial. De um lado, o presidente e can

Terceiro edital do Estadão, 26/10/2022

A inflação está de novo às claras Após dois meses de desinflação, índice reaparece com sinal positivo, passado o efeito das medidas eleitoreiras Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 26 de outubro de 2022 | 03h00 Cinco dias antes do segundo turno, a inflação se tornou visível, de novo, nos números oficiais, depois de dois meses oculta com sinal negativo. A prévia de outubro, ainda discreta, bateu em 0,16%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15). Os últimos levantamentos haviam apontado desinflação de 0,73% em agosto e de 0,37% em setembro. Nesse bimestre, o indicador foi derrubado pela redução de impostos sobre combustíveis, medida proposta pelo presidente Jair Bolsonaro, aprovada no Congresso e imposta aos governadores com grandes custos financeiros para os Estados. O corte de tributos derrubou alguns preços e isso se refletiu no índice geral, mas com efeito temporário. Baratear um produto ou alguns produtos por meio de intervenção política p

Editorial do Estadão, 25/10/2022

  Do que o bolsonarismo é capaz O bolsonarismo ameaça o respeito à lei, a integridade das instituições, a liberdade política e a paz social. Se alguém ainda tinha dúvidas, Roberto Jefferson desenhou para o País Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 25 de outubro de 2022 | 03h00 O ex-deputado Roberto Jefferson mostrou do que o bolsonarismo é capaz. Seu ataque a policiais federais que foram a sua casa para prendê-lo, anteontem, não foi um ato isolado nem fruto de loucura: foi a consequência natural da escalada retórica violenta e golpista do presidente Jair Bolsonaro contra as instituições democráticas. No 7 de Setembro do ano passado, convém recordar, Bolsonaro declarou que, “qualquer decisão do Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá”, referindo-se ao ministro do Supremo Tribunal Federal responsável pelo inquérito que apura o financiamento e a organização de atos bolsonaristas contra a democracia. E acrescentou, em seu dialeto bronco: “Dizer aos canalhas que e

Editorial do Estadão, 24/10/2022

  E Bolsonaro venceu Mesmo que perca a eleição, Bolsonaro conseguiu o que queria: degradar o debate público. Há 20 anos, Lula teve que garantir estabilidade econômica; hoje, jura que não fechará igrejas Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 24 de outubro de 2022 | 03h00 A exemplo do que ocorreu na disputa presidencial de 2002, o petista Lula da Silva se viu novamente obrigado a apresentar uma carta pública para debelar resistências à sua candidatura e criar um ambiente de confiança diante da perspectiva de sua vitória no próximo dia 30. Mas a diferença entre os dois casos é gritante: se há 20 anos Lula teve que se comprometer com a estabilidade econômica, um tema que interessava a todo o País, agora o petista teve que jurar, numa Carta Compromisso com Evangélicos e Evangélicas, que não pretende fechar igrejas nem perseguir cristãos, como o acusa o presidente Jair Bolsonaro. Trata-se de um assunto totalmente fabricado pelo bolsonarismo, sem qualquer conexão com a realidade nem,

Editorial do Estadão, 21/10/2022

As piruetas retóricas de Lula Chefão petista quer que eleitores acreditem que o Foro de SP, clube de esquerdistas autoritários, foi criado para moderar a esquerda latino-americana; se isso é verdade, fracassou Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 21 de outubro de 2022 | 03h00 Há alguns dias, o chefão petista Lula da Silva sugeriu que criou o Foro de São Paulo para moderar a esquerda latino-americana. “Fiz questão de chamar todo mundo aqui para dizer para os caras: ‘Ô, cara, a gente pode chegar pelo voto, a gente pode se organizar e acreditar no povo que a gente pode chegar pelo voto’. E obviamente que todo mundo chegou.” Obviamente que não. É um toque de ironia macabra que mais esse gesto de exaltação de um clube de autoritários, que defendeu o “direito” da ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua de prender opositores (inclusive padres), tenha sido feito por Lula num encontro com freiras e padres. O Foro, uma verdadeira frente ampla autocrática, já nasceu retrógrado, na visi

Editorial do Estadão, 19/10/2022

  Moro, o inimigo da Lava Jato Ao apoiar Bolsonaro, a quem acusou de interferir na PF, Moro diz que a lei é só para os inimigos e que, na política, vale tudo. É a antítese perfeita da mensagem renovadora da Lava Jato Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 19 de outubro de 2022 | 03h00 A Operação Lava Jato teve dois grandes méritos. Em primeiro lugar, mostrou que a lei vale para todos – ricos e pobres, empresários e políticos, poderosos e anônimos. Todos devem responder por seus atos. Longe de significar uma obviedade, a recordação desse princípio republicano básico – todos são iguais perante a lei – representou uma revolução na percepção sobre a Justiça brasileira, que, até então, quase sempre tinha se mostrado conivente com a impunidade dos poderosos. O segundo grande mérito da Lava Jato foi mostrar ao País que a política não pode prevalecer sobre a lei. Toda a atuação política deve estar submetida ao império da lei – e isso vale também para as estatais e empresas de capital m

Segundo Editorial do Estadão, 16/10/2022

  Depravação eleitoral A asquerosa exploração de supostos casos de violência sexual contra crianças como arma eleitoral pela senadora eleita Damares Alves mostra não haver limite moral no bolsonarismo Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 16 de outubro de 2022 | 03h00 A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, está empenhada na campanha para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No último sábado, falando a fiéis de uma igreja evangélica em Goiânia (GO), Damares não hesitou em fazer uso, com fins unicamente eleitorais, de supostas violências e perversidades sexuais de que crianças brasileiras teriam sido vítimas. No afã de conquistar votos para o presidente, a futura senadora demonstrou que a cruzada eleitoral bolsonarista não tem limites morais nem resquícios de civilidade e respeito pelas crianças que diz defender. Em sua fala a fiéis evangélicos, a ex-ministra citou supostos casos de tráfico internaciona

Editorial do Estadão, 15/10/2022

  O bolsonarismo e sua perversa disjuntiva Ao usar a máquina pública para atacar institutos de pesquisa, Bolsonaro insiste na tática de sempre: impõe às instituições a disjuntiva entre a omissão e a atuação fora dos ritos Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 15 de outubro de 2022 | 03h00 O Estado brasileiro tem sofrido a mais descarada e intensa distorção desde a redemocratização do País. O presidente Jair Bolsonaro manipula o aparato estatal para seus interesses particulares, produzindo continuamente novos abusos, numa sequência aparentemente interminável de excepcionalidades, e suscitando, por sua vez, respostas das instituições que, infelizmente, não têm sido as melhores, com outras tantas excepcionalidades. O cenário é desolador. O abuso desta semana consistiu em usar a máquina pública para atacar, em duas novas frentes, os institutos de pesquisa. A partir de uma representação feita pela campanha de reeleição do presidente, o Ministério da Justiça requisitou à Polícia F

Editorial do Estadão, 13/10/2022

Um país com medo A Lula e Bolsonaro parece bastar que os eleitores sintam receio – da volta do PT ou de uma ditadura bolsonarista. Campanha de 2.º turno deveria ser tempo de um debate mais qualificado Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 13 de outubro de 2022 | 03h00 O recado das urnas foi claro. Ao não consagrarem um vencedor no primeiro turno da eleição para a Presidência, os eleitores manifestaram o desejo de conhecer mais a fundo os planos de governo de Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). No entanto, a julgar pela miséria propositiva que marca as campanhas dos dois candidatos, os eleitores não poderiam se sentir mais frustrados. Na ausência de um debate maduro sobre o futuro do País, o que tem sobrado é o culto à personalidade. Ao invés de propostas, ameaças e chantagens. Ao invés de esperança, aflição e medo. Lula e Bolsonaro transformaram o segundo turno da eleição presidencial em uma longa noite de 28 dias. Até parece que não haverá um Brasil a ser governado co

Vera Magalhães, O Globo, 12/10/2022 - Ataques premeditados e encadeados

  Ataques premeditados e encadeados Investidas contra STF, pesquisas e urnas são coordenadas e visam minar confiança da população na democracia Por Vera Magalhães 12/10/2022 00h08 Atualizado 12/10/2022 Não brotaram por geração espontânea, devido ao resultado do primeiro turno, nem são fenômenos estanques os ataques do presidente Jair Bolsonaro e de sua tropa eleita ou reeleita aos institutos de pesquisas, às urnas eletrônicas e ao Supremo Tribunal Federal (STF). São coordenados, encadeados e premeditados. Atendem a uma estratégia clara — e eficiente — de minar a confiança da população em instituições e em instrumentos de informação imprescindíveis na democracia. Bolsonaro fala em mexer na configuração do STF desde 2018. Também naquela ocasião, seu então candidato a vice, Hamilton Mourão, hoje vice-presidente da República e senador eleito pelo Rio Grande do Sul, aventou a possibilidade de autogolpe e defendia uma Constituinte de notáveis para mudar, entre outros tópicos, a maneira de i

Mariliz Pereira Jorge, FSP, 12/10/2022 - O cheque em branco para Lula

O cheque em branco para Lula Voto é ordem de pagamento emocional para mandar para casa um incompetente 11.out.2022 às 21h00 O tal "cheque em branco", que o eleitor está prestes a assinar pela segunda vez no dia 30 de outubro, é para Lula derrotar Jair Bolsonaro. É carta branca para acabar com orçamento secreto, sigilo de 100 anos, falas golpistas, ameaça de venezualização, aparelhamento da PF, discussão sobre banheiro unissex. O cheque é para tentar resgatar o que sobrou do Inpe, do IBGE, da Fiocruz, da Amazônia, das universidades, do ensino fundamental, da cultura, da sanidade mental do povo que não faz arminha com a mão. O cheque branquinho é o citalopram para medicar a depressão coletiva de um lado e dar um sossega na histeria de "gente do bem". O que Lula recebe é uma ordem de pagamento emocional para mandar para casa —ou para a cadeia— um incompetente e toda a corja que o rodeia. Chame de cheque em branco, de carta de confiança, de investimento. Pode ser homena

Mariana Sanches, BBC Brasil - As semelhanças e diferenças entre Brasil e Venezuela

Imagem
  'Bolsonaro adota medidas do manual de Chávez': entenda semelhanças e diferenças entre Brasil e Venezuela Mariana Sanches - @mariana_sanches Da BBC News Brasil em Washington 9 agosto 2021 Atualizado 11 outubro 2022 Legenda da foto, Tanto Bolsonaro quanto Chávez fizeram carreira militar e tiveram problemas disciplinares que os levaram a deixar as Forças Armadas A reportagem abaixo, publicada originalmente em agosto de 2021, voltou a circular em outubro de 2022, depois que o presidente Jair Bolsonaro disse que recebeu propostas para aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal e que pode discutir o tema após as eleições. A sugestão foi comparada por muitos - inclusive pelo empresário João Amoêdo (Novo), candidato à presidência em 2018 - ao que aconteceu na Venezuela. Em 18 de outubro de 2018, poucos dias antes do segundo turno da eleição presidencial que o confirmaria como o novo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro foi ao Twitter e se dirigiu aos brasileiros. &quo