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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Artigo de Marcos Mendes, FSP, 26/02/2022

  Em defesa do governo Dilma Acreditar que Lula fará política econômica consistente é autoengano 25.fev.2022 às 23h15 No governo Dilma houve muitos erros de política econômica e entramos em uma das maiores recessões da história . Como nem o PT consegue defender aquela gestão, parece ter escolhido a estratégia de concentrar toda a culpa em Dilma, pintando os dois mandatos de Lula como um sucesso absoluto. Não foi bem assim. Dilma iniciou seu mandato em janeiro de 2011. As políticas que geraram o desastre já estavam em execução desde 2005. Muitas delas pilotadas pela própria Dilma, em nome de Lula. Data de 2005 a recusa em se fazer um plano de ajuste fiscal de longo prazo, considerado "rudimentar". Dali em diante as torneiras do gasto foram abertas. Entre janeiro de 2005 e dezembro de 2010, antes de Dilma tomar posse, a despesa de pessoal do Governo Federal cresceu 48% em termos reais. Os gastos tributários, no mesmo período, pularam de 1,8% para 3,5% do PIB. Também foi em 2

Editorial do Estadão, 26/02/2022

  Guerra, sombra e água fresca Como se o Brasil não fizesse parte do mundo, Bolsonaro passeia e faz campanha eleitoral em vez de preparar o País para os efeitos da guerra na Ucrânia Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 26 de fevereiro de 2022 | 03h00 Enquanto dirigentes dos principais países se mobilizavam para evitar o agravamento da crise internacional provocada pela invasão da Ucrânia pela Rússia e minimizar seus múltiplos impactos sobre a economia mundial, despreocupadamente o presidente Jair Bolsonaro caminhava no meio de apoiadores em nítido clima de campanha eleitoral fora de época e participava de “motociata” no interior de São Paulo. Era como se o Brasil estivesse livre das consequências que com certeza terá de enfrentar. Pressões sobre os preços internos por conta do aumento da cotação do petróleo, dificuldades de suprimento de bens essenciais, como fertilizantes e trigo, e queda da demanda de importantes itens da pauta de exportações do País são alguns dos efeitos

Editorial do Estadão, 25/02/2022

A inacreditável agressão russa Se o mundo não deixar claro que tal comportamento é inaceitável, a soberania das nações deixará de ser um dos pilares da ordem internacional Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 25 de fevereiro de 2022 | 03h00 O inacreditável aconteceu. A invasão da Ucrânia pela Rússia, em escandalosa afronta ao direito internacional, abalou a ordem europeia pós-2.ª Guerra, está estremecendo a economia global, que mal se recuperou da pandemia de covid-19, e pôs a Europa à beira de uma conflagração de dimensões e consequências imprevisíveis. Se o mundo não deixar claro que tal comportamento é inaceitável, a soberania das nações deixará de ser um dos pilares da ordem internacional. Vladimir Putin, o autocrata russo, alega legítima defesa ante a expansão da Otan e as hostilidades às comunidades russas na Ucrânia. Pode-se até debater a legitimidade dessas preocupações. Mas a desproporcionalidade do remédio é indisputável. O ataque em massa não foi provocado e viol

Artigo de Mírian Leitão, O Globo, 24/02/2022

O risco russo diante da História Por Míriam Leitão24/02/2022 04:30 O momento é de extremo perigo global, e o que o presidente Vladimir Putin está fazendo pode significar o fim do mundo como o conhecemos desde o pós-guerra. É o que pensa o embaixador Rubens Ricupero. Para o mercado financeiro, a análise é a de que “já está no preço” uma ocupação ao leste do país, mas não uma invasão total. Eles se prepararam para essa reação de Putin e em relatório aos clientes os bancos já explicavam que era dado como certo que a Rússia enviaria mais tropas para a Ucrânia. O que todas as análises concordam, seja no mercado financeiro, seja na política internacional, é que as sanções não vão deter Putin. O governo russo está sentado numa montanha de reservas cambiais, US$ 640 bilhões, e pode resistir à suspensão do acesso ao mercado internacional de capitais. Num relatório, o banco UBS avalia que se houver uma escalada do conflito isso levaria a um boicote completo do petróleo e gás russos. Com isso, o

Editorial do Estadão, 23/02/2022

  Putin testa o mundo Ao botar um pé na Ucrânia, autocrata russo expôs inequivocamente suas intenções imperialistas. As sançõesprecisarão ser igualmente inequívocas Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 23 de fevereiro de 2022 | 03h00 A esperança de dissuasão de uma invasão russa à Ucrânia ficou no passado, a dúvida agora é sobre sua escala. O presidente russo, Vladimir Putin, expôs suas intenções. Mas a resposta do Ocidente segue envolta em nuvens de incerteza. Na segunda-feira, Putin, ao mesmo tempo que negou o direito à independência da Ucrânia, reconheceu a independência dos enclaves separatistas de Donetsk e Luhansk, anunciando o envio de tropas. A Otan declarou que a Rússia está fabricando um pretexto para assaltar Kiev. A Alemanha suspendeu a certificação do gasoduto da Rússia Nord Stream 2. Os EUA e a União Europeia anunciaram sanções aos separatistas e a alguns indivíduos e negócios russos. Mas tudo ainda longe das tão prometidas “consequências massivas”. Enquanto 190

Editorial do Estadão, 22/02/2022

 O mito do grande articulador Lula se apresenta como exímio negociador, mas evidências mostram que a governabilidade lulopetista foi altamente custosa e pouco efetiva Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 22 de fevereiro de 2022 | 03h00 Uma das narrativas que circulam a propósito da candidatura do ex-presidente Lula à Presidência é a de que ele teria sido um grande articulador junto ao Congresso, e que seus talentos como negociador garantiriam a aprovação dos programas transformadores de que o Brasil precisa. Trata-se de uma falácia, por dois motivos: primeiro porque Lula não tem agora, como não teve no passado, grandes reformas a propor – ao contrário, ele já avisou que não as promoverá. Depois, porque os dados desmentem o mito do grande articulador. Em regimes presidenciais multipartidários, o grande desafio dos presidentes após as eleições é construir e administrar coalizões. Assume-se que presidentes à frente de coalizões minoritárias são mais vulneráveis a iniciativas com

Editorial do Estadão, 21/02/2022

  Nem Deus nem o diabo são candidatos É falsa a afirmação de que, nas eleições deste ano, o eleitor terá de decidir entre Lula e Bolsonaro. Trata-se de manipulação asfixiante e rigorosamente antidemocrática Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 21 de fevereiro de 2022 | 03h00 Diante do descalabro do governo de Jair Bolsonaro, parece evidente a necessidade de que as eleições do segundo semestre sirvam para interromper o retrocesso e a destruição a que o País vem sendo submetido desde 2019 pelo bolsonarismo. Trata-se de imperativo civilizatório mínimo. Jair Bolsonaro mostrou-se indigno e incapaz do cargo que lhe foi atribuído em 2018. Mas o desempenho sofrível de Bolsonaro na Presidência da República não leva apenas a rejeitar o bolsonarismo nas urnas. Isso seria pouco. A experiência com o governo atual explicita, com poderosa contundência, a necessidade de que a campanha eleitoral esteja centrada em ideias e propostas políticas, e não apenas em nomes. Essa é a melhor proteção c

Artigo de Míriam Leitão, O Globo, 18/02/2022

  PGR ameaça a democracia ao se tornar cúmplice de quem a ameaça Por Míriam Leitão18/02/2022 08:13 É insultuoso o comportamento do procurador-geral da República. Em todos os casos que chegam a ele, Aras procura uma maneira de passar o pano em Bolsonaro. Augusto Aras desrespeita as leis do país, nega o óbvio, ofende a inteligência alheia e, mais importante, trai seu papel constitucional. Nesse caso de agora. Havia uma investigação na Polícia Federal sigilosa. Ela começou exatamente a pedido do próprio TSE para saber a origem do ataque Hacker que tinha sido disparado contra o processo eleitoral. A investigação era sigilosa. O presidente Bolsonaro pegou esse documento da investigação inconclusa e divulgou. E só teve acesso por ser o presidente. E o que ele fez ao violar o sigilo profissional? Bolsonaro cometeu outro crime que foi o de conspirar contra o processo eleitoral, divulgando mentiras sobre a confiabilidade e segurança das urnas. A investigação na PF conduzida pela delegada Deniss

Editorial do Estadão, 18/02/2022

  Nanismo diplomático Inoportuna e contraproducente em relação aos interesses nacionais, a visita de Bolsonaro a dois populistas autoritários só se explica pela sua lógica eleitoral Notas & Informações, Impresso 18 de fevereiro de 2022 | 03h00 A viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia e à Hungria terminou sem compromissos, acordos ou alianças relevantes, enfim, sem qualquer ganho palpável aos interesses nacionais. O consolo é que, dado o histórico de trapalhadas do presidente, a coisa poderia ter sido pior. Se os interesses do Brasil com a Hungria são inócuos, a Rússia fornece fertilizantes para o agronegócio e tem empresas relevantes na área de energia. Além disso, integra o Brics, é um polo tecnológico e uma superpotência militar, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com capacidade de facilitar as pretensões do Brasil. Em tempos normais, portanto, não haveria inconveniente no encontro entre os líderes russo e brasileiro. Mas estes não são tempos normais nem

Editorial do Estadão, 17/02/2022

  Lula promete o atraso Ao falar da omissão petista na promoção das reformas, Lula diz que o País não precisa delas. Eis os fatos: não houve e nunca haverá governo do PT reformista Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 17 de fevereiro de 2022 | 03h00 A razia bolsonarista demanda a eleição de um presidente disposto a trabalhar dobrado na reconstrução do País. A bem da verdade, a crise política, econômica, social e, sobretudo, moral que está arruinando o Brasil começou muito antes, durante o trevoso mandarinato lulopetista, e culminou na eleição de Jair Bolsonaro – mau militar, mau deputado e mau presidente. Ou seja, com exceção do breve intervalo do governo de Michel Temer, que representou um instante de racionalidade reformista em meio a tanta irresponsabilidade demagógica, já se vão 20 anos de retrocesso e destruição do futuro. Se depender de Lula da Silva, no entanto, o atraso será transformado de vez em política de Estado. Pois o líder das pesquisas de intenção de voto para

Editorial do Estadão, 16/02/2022

Faz de conta na agenda legislativa Mais do que uma carta de intenções, a lista de 45 projetos prioritários do governo no Congresso é admissão pública de ineficiência Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 16 de fevereiro de 2022 | 03h00 Como tudo na administração Jair Bolsonaro, a agenda legislativa prioritária do governo federal para este ano é mais uma peça de ficção de sua desesperada campanha à reeleição. Assinada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, a portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) conta com nada menos que 45 itens, entre medidas provisórias, projetos de lei e propostas de emenda à Constituição (PECs). Dentre eles, há seis ideias “em formulação no Executivo” ou “em formulação no Congresso Nacional”. A lista é a representação de uma gestão sem rumo, presidida por um eterno candidato que se recusa a assumir as funções para as quais foi eleito há mais de três anos e que mantém um falso otimismo sobre sua capacidade de articulação política em um C

Editorial do Estadão, 14/02/2022

  Entre o ruim e o pior Ante o desafio da adequação das leis às inovações do mercado de trabalho, o bolsonarismo só oferece a anarquia, e o lulopetismo, o retrocesso Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 14 de fevereiro de 2022 | 03h00 Um mercado de trabalho em acelerada transformação exige uma legislação trabalhista em constante renovação. Essa obviedade seria indigna de nota se o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, não tratasse os direitos do trabalho como meros empecilhos a serem removidos, e se o líder das pesquisas de intenção de voto à Presidência não propusesse o oposto de uma modernização desses direitos: longe de revisar a reforma de 2017, muito menos aprimorá-la ou complementar suas lacunas, Luiz Inácio Lula da Silva propõe revogá-la por completo. Promovida pelo governo Temer e laboriosamente deliberada pelo Congresso, a reforma foi um marco jurídico sofisticado de raro equilíbrio social e econômico que atualizou a legislação anacrônica herdada da era Varg

Editorial do Estadão, 13/02/2022

  O mal que Lula faz ao Estado O PT não almeja um Estado forte, eficiente e bem administrado, capaz de cumprir suas tarefas. Lula quer uma máquina pública inchada e submissa Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 13 de fevereiro de 2022 | 03h00 Por se colocar à esquerda no espectro político-ideológico, Luiz Inácio Lula da Silva não raro é visto por seus simpatizantes como um defensor do Estado. No discurso lulopetista, a direita é incapaz de aceitar o Estado como motor do desenvolvimento e da transformação social, razão pela qual tudo faz para reduzi-lo ao mínimo necessário apenas para garantir a manutenção dos privilégios da elite “neoliberal”; já a esquerda, ao contrário, por se julgar especialmente dotada de sensibilidade social, estaria continuamente batalhando para fortalecer o Estado. Segundo essa lógica, um governo lulopetista seria a oportunidade histórica para o fortalecimento do Estado e de sua máquina pública, de modo a favorecer os pobres e oprimidos. Não é precis

Editorial do Estadão, 10/02/2022

  ‘Está entendendo como funciona?’ Líder do governo na Câmara escancara o que todos já intuem: o País não tem presidente, pois as vontades de Bolsonaro não têm qualquer valor Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 10 de fevereiro de 2022 | 03h00 O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), deu uma explicação muito didática sobre o posicionamento da gestão de Jair Bolsonaro a respeito da desoneração de combustíveis e que vale para praticamente qualquer assunto que é debatido no Legislativo: “O governo não tomou nenhuma iniciativa para mandar nenhuma Proposta de Emenda à Constituição (para desonerar combustíveis). É o presidente Bolsonaro que diz querer zerar os tributos dos combustíveis. O presidente Bolsonaro é contra a vacina, e o governo dá vacina para todo mundo, está entendendo como funciona?”. Sim, deputado, o País já entendeu perfeitamente bem como funciona: Bolsonaro, eleito com 55 milhões de votos, é um presidente decorativo, cujas determinações são ignoradas por

Artigo de Elio Gaspari na Folha de São Paulo, 09/02/2022

  Temer, vítima do teatro do 'lava-jatismo' Em 2019 Bretas prendeu o ex-presidente e agora a acusação virou pó 8.fev.2022 às 23h15 Em março de 2019 o mundo parecia outro. Sérgio Moro reinava como ministro de Bolsonaro, Donald Trump recebia o capitão no jardim da Casa Branca e admitia a possibilidade de o Brasil entrar para a OTAN. Eram os tempos da Operação Lava Jato . Ela tinha fases, sempre com nomes pitorescos: Erga Omnes, Vidas Secas, Saqueador ou Calicut. Aquela batizada como Radioatividade foi a 16ª e tratava de negócios em torno da construção da usina nuclear de Angra 3.   No seu rastro, a pedido do Ministério Público, o juiz Marcelo Bretas, encarnação carioca da República de Curitiba, determinou a prisão preventiva de Michel Temer e mais sete pessoas. A decisão tinha 46 páginas amparando-se em tratados internacionais e na defesa do bem público. Naquele angu abundavam insinuações e faltava carne. Seu texto continha pelo menos vinte vezes a palavra "parece", ma

Editorial do Estadão, 09/02/2022

  O componente político da inflação Incerteza fiscal e expectativas de inflação – justificativas da alta de juros – têm como grande fonte a ação presidencial Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 09 de fevereiro de 2022 | 03h00 O arrocho financeiro, com juros altos, crédito apertado e entraves à atividade econômica, vai continuar até a inflação ceder e se firmarem as expectativas em relação às metas. Anunciado logo depois do aumento da taxa básica para 10,75%, esse compromisso de rigor foi reafirmado na ata da última reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC). Os próximos ajustes poderão ser menores que o último, de 1,5 ponto porcentual, mas novas altas estão prometidas e a taxa poderá chegar a 12% neste semestre e declinar na segunda metade do ano. A tarefa de conduzir a inflação à meta deverá ser completada, segundo a ata, até o próximo ano. Incertezas sobre o futuro das contas públicas afetam as expectativas de inflação. Atitudes e decisões do

Editorial do Estadão, 08/02/2022

O Supremo – e a lei – sob ataque O descumprimento pelo Congresso de decisão judicial sobre a publicidade das emendas de relator é parte do retrocesso institucional instaurado pelo bolsonarismo Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 08 de fevereiro de 2022 | 03h00 São conhecidos os ataques e as ameaças do bolsonarismo contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao constatar a disposição do Judiciário em defender a Constituição – é a Justiça, e não o Congresso ou mesmo a oposição, que tem recordado os limites institucionais da Presidência da República –, Jair Bolsonaro transformou os ministros do Supremo em inimigos políticos. Mais do que Luiz Inácio Lula da Silva, seriam os membros do STF que demandam a constante mobilização dos bolsonaristas. Inédita desde a redemocratização do País, essa atitude de confronto por parte do presidente da República contra o Judiciário expressa-se de diversas maneiras. Por exemplo, Jair Bolsonaro fala abertamente em deturpar o funcionamento do STF, pr