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Mostrando postagens de maio, 2021

Editorial do Estadão, 26/05/2021

  Os vândalos da democracia Eduardo Pazuello deve ser punido não somente porque desmoralizou sua farda, mas para que o País demonstre que o bolsonarismo não pode tudo Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 26 de maio de 2021 | 03h00 O general intendente Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, participou de um comício do presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro no dia 23 passado. Esse gesto do general contraria frontalmente os regulamentos do Exército, que proíbem a participação de militares da ativa em eventos de caráter político, como obviamente era o caso da manifestação bolsonarista. Que ninguém imagine que a imprudência do intendente Pazuello tenha sido um ato isolado ou apenas tresloucado. A gravidade do caso está precisamente no contexto: o militar infringiu normas das Forças Armadas numa manifestação em que o presidente Bolsonaro mais uma vez se referiu a essas Forças como “meu Exército”. Ou seja, o intendente Pazuello, no instante em que subiu no palanque bolsonarista,

Artigo de Carlos Andreazza, O Globo, 25/05/2021

  Uh! É Pazuello! Por Carlos Andreazza  25/05/2021 06:00 ‘Uh! É Pazuello!’ Assim gritavam — ante a chegada do ex-ministro da Saúde — os patriotas aglomerados no Aterro do Flamengo para ouvir a pregação de Bolsonaro. O general, também ele motoqueiro, não poderia perder a oportunidade de formar naquele bonde. E que esculacho então deu no Supremo Tribunal Federal, no Senado da República e no Exército de Caxias. Sobre o carro de som, apostava num habeas corpus da acomodação. Um cálculo bastante fácil, a serviço que esteve — como militar — de um governo militar. Ora, cumprira a missão. Não o deixariam só. Esculacho no Exército de Caxias? Talvez não. Antes de subir à ribalta, decerto pensou no que se passara a Hamilton Mourão quando de seus discursos golpistas — nada, senão a fama que o levaria à Vice-Presidência. E não lhe terá escapado que o próprio Bolsonaro comandaria, em 2021, um governo de generais a seu inteiro dispor mesmo depois de haver conspirado — 34 anos antes, sem qualquer puni

Editorial do Estadão, 24/05/2021

O espetáculo e a Justiça O braço repressor do Estado tem sido usado para criar espetáculos, constranger e ameaçar Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 24 de maio de 2021 | 03h00 O Estado tem o dever de investigar e punir os crimes cometidos, assim como o de prevenir e reprimir ações criminosas. A atuação estatal deve ser eficiente. Respeitando os direitos e as liberdades fundamentais, não se pode transigir com a criminalidade. No entanto, o braço repressor do Estado tem sido usado muitas vezes para criar espetáculos, como forma de constranger e ameaçar, em clara manipulação de suas finalidades. Veja-se, por exemplo, o caso do inquérito do Decreto dos Portos (Decreto n.º 9.048/2017), envolvendo o ex-presidente Michel Temer. Desde o início das investigações, o caso foi alardeado como um grande escândalo, dando como certa a ocorrência de crimes “há mais de 20 anos”. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o Decreto dos Portos era apenas o “ato de ofício mais recente ident

Editorial do Estadão, 24/05/2021

  Os partidos e o candidato da terceira via O País tem um urgente desafio: encontrar um candidato competente e responsável, capaz de representar uma alternativa viável a Lula e Bolsonaro Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 24 de maio de 2021 | 03h00 O País tem um urgente desafio: encontrar um candidato competente e responsável, capaz de representar uma alternativa viável a Luiz Inácio Lula da Silva e a Jair Bolsonaro. A população não pode ser refém do lulopetismo e do bolsonarismo, opções que – por mais empenho que se coloque para identificar diferenças entre elas – convergem de forma tão cristalina no negacionismo (seja na saúde pública ou na economia), na falta de disposição para promover as reformas, na utilização da máquina pública para interesses particulares (familiares ou partidários), na irresponsabilidade da gestão pública e no exercício do poder para fins exclusivamente eleitorais. Esse desafio à liberdade e à cidadania – encontrar um candidato a presidente da Repúbl

Editorial do Estadão, 23/05/2021

  Lula é caso perdido O líder petista tratou de lembrar por que seu nome evoca ideias retrógradas Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 23 de maio de 2021 | 03h00 O ex-presidente Lula da Silva, hoje o grande favorito à eleição presidencial do ano que vem, tratou de lembrar ao eleitorado por que razão a simples menção de seu nome evoca um Brasil prisioneiro de ideias retrógradas e nocivas. A propósito do processo de privatização da Eletrobrás – que talvez seja finalmente levado adiante, muito a contragosto do presidente Jair Bolsonaro –, o chefão petista foi às redes sociais para qualificar a venda da estatal de “crime contra o povo brasileiro”. Lula é um caso perdido. Mesmo que, por mera estratégia eleitoral, procure se apresentar como o muito procurado candidato do “centro” – responsável, democrático e moderno –, o demiurgo de Garanhuns jamais conseguirá superar sua natureza autoritária e estatólatra. Não há motivo racional para se opor à privatização da Eletrobrás (nem de q

Editorial do Estadão, 22/05/2021

A banalidade da mentira A CPI está sendo útil para que os brasileiros se convençam de que estão sendo governados por um grupo político que milita ferozmente contra a verdade Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 22 de maio de 2021 | 03h00 O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello mentiu várias vezes em seu depoimento à CPI da Pandemia. Em dois dias de oitiva, o general intendente, mesmo estando sob juramento, inventou respostas para questões sobre os mais variados temas – o relator da comissão, senador Renan Calheiros, apontou nada menos que 14 ocasiões em que Pazuello “mentiu flagrantemente” e “ousou negar suas próprias declarações”. O repertório de imposturas é vasto. As mais relevantes dizem respeito à negociação para a compra de vacinas. O ex-ministro negou o que está fartamente documentado – que o governo ignorou ou boicotou diversas ofertas de imunizantes. Pazuello chegou a dizer que o presidente Jair Bolsonaro “nunca” lhe deu ordem para interromper as conversas com o Butant

Artigo de Pedro Doria, jornal O Globo, 21/05/2021

  CARADURA Mentem, e a CPI nem aí Por  Pedro Doria 21/05/2021 01:00 O general Eduardo Pazuello desferiu o mais grave ataque contra a democracia brasileira desde o início da CPI da Covid. Um ataque que não foi suficientemente apontado. E um ataque que tem por cúmplice involuntário o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM). Não há gente suficiente percebendo a gravidade da naturalização da mentira que está ocorrendo ao longo destes depoimentos e de que a CPI é cúmplice. Não estão percebendo que é abrir mão da verdade no debate público que faz corroer a democracia. O primeiro a mentir foi o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten. Afirmou que nada tinha a ver com uma campanha desferida sob seu comando contra a política de isolamento social. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), quis prendê-lo em flagrante. Aziz não topou — e a decisão é dele. Aí o ex-chanceler Ernesto Araújo negou ter atacado a China. Há tuítes, artigos assinados, vídeos. Não importa. Fez na cara dura, esc

Artigo de Demétrio Magnoli em O Globo, 17/05/2021

  JACAREZINHO Quem é a polícia do B? Por  Demétrio Magnoli 17/05/2021 01:00 " Tudo bandido! " , decretou Hamilton Mourão horas depois do massacre no Jacarezinho, em 6 de maio, quando indagado sobre 27 das 28 vítimas fatais. O vice-presidente só conhecia a identidade do policial morto. Os supostos criminosos não tinham sido processados, julgados ou condenados. A segunda maior autoridade do país oferecia seu amparo a execuções extrajudiciais. Mais: classificando como “bandidos” as vítimas ainda não identificadas, dizia implicitamente que são criminosos os que residem ou simplesmente circulam pelo Jacarezinho. A frase, síntese da barbárie nacional, esclarece os protocolos ocultos de ação da polícia no Rio de Janeiro. Desde o fracasso da política das UPPs, restaurou-se o padrão de invasão de favelas em operações letais. O pressuposto é que as favelas são terra estrangeira e seus moradores, combatentes inimigos. Exige-se a investigação da Operação Exceptis, cujo nome de batismo en

Estadão, Editorial de 16/05/2021

  As provas gritam A sucessão de testemunhos atestando, na CPI da Pandemia, a insanidade da conduta do governo na crise confirmou o quadro de irresponsabilidade Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 16 de maio de 2021 | 03h00 Bastaram duas semanas de trabalho para que a CPI da Pandemia reunisse evidências suficientes a respeito da negligência do governo de Jair Bolsonaro nos diversos aspectos do combate à covid-19, em particular na aquisição de vacinas. Nada do que veio à luz era desconhecido dos brasileiros, mas a sucessão de testemunhos atestando, sob juramento, a insanidade da conduta do governo na crise confirmou o quadro de irresponsabilidade que nos trouxe até aqui – com mais de 430 mil mortos, uma pandemia fora de controle e um sistema de saúde à beira do esgotamento. A esta altura, o esperado depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, sob cuja gestão a tragédia adquiriu contornos de escândalo, pouco teria a acrescentar, na prática, ao que já se sabe. Ainda assim,

Artigo de Reinaldo Azevedo, FSP, 14/05/2021

  Ataque a Toffoli alveja o Estado de Direito e a própria democracia Quando um ministro do STF está sujeito ao arbítrio, então é certo que o problema é de 'Todo Mundo' 13.mai.2021 às 23h15 É grande a tentação de tecer considerações sobre o depoimento de Fabio Wajngarten na CPI da Covid . Ou de nominar os vagabundos com uma arma na mão e ideias genocidas na cabeça. Mas, a esta altura, nada há de tão contundente a dizer sobre o desgoverno que seus próceres não digam com mais eficiência. A mim me interessa saber como chegamos aqui. Mais importante para o futuro do país é o pedido de abertura de inquérito contra o ministro Dias Toffoli , feito por Bernardo Guidali Amaral, delegado morista da PF. Ou bem nos afinamos com o devido processo legal ou estamos condenados à crise permanente. Jair Bolsonaro não caiu da árvore dos acontecimentos rotineiros. É o mal que brotou na terra devastada, em que se conjuraram todos os ódios contra a institucionalidade. Aqui e ali, vejo até jornalistas

Reportagem da FSP, 12/05/2021 - Bolsonaro eleva seus próprios vencimentos

  Canetada eleva salário de Bolsonaro e ministros em até 69% e estoura teto do funcionalismo Portaria do Ministério da Economia beneficia primeiro escalão e remuneração mensal pode chegar a R$ 66 mil 12.mai.2021 às 23h15 Uma regra editada pelo governo Jair Bolsonaro que autoriza uma parcela de servidores a receber mais do que o teto remuneratório constitucional fará com que o próprio presidente e membros do primeiro escalão tenham aumentos de salário. Os ganhos serão de até 69%, com pagamentos mensais que, a depender da autoridade, poderão ultrapassar R$ 66 mil. A medida, colocada em vigor enquanto o funcionalismo está com salários congelados, deve beneficiar Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão, ministros militares e um grupo restrito de cerca de mil servidores federais que hoje têm remuneração descontada para respeitar o teto constitucional . Publicada no dia 30 de abril, a portaria da Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia começou a valer ne

Editorial do Estadão, 12/05/2021

  Orçamento para os amigos O presidente Bolsonaro ofereceu às raposas do Congresso não somente as galinhas, como os ovos e as chaves do galinheiro Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 12 de maio de 2021 | 03h00 O governo de Jair Bolsonaro montou um esquema de rateio de recursos públicos entre parlamentares de sua base, fora dos controles orçamentários, conforme mostraram reportagens do Estado publicadas desde domingo. Trata-se de um escândalo que espanta não apenas pelos valores envolvidos – em torno de R$ 3 bilhões, até onde a reportagem pôde verificar –, mas também pela sorrateira engenharia para escamotear a escassez de critérios técnicos e a abundância de critérios políticos para a distribuição do dinheiro. Nada nessa história parece nem remotamente republicano. No esquema, dezenas de parlamentares governistas ganharam a chance de determinar a destinação de verbas do Ministério do Desenvolvimento Regional. O manejo dos recursos, por lei, cabe somente à pasta, dentro dos lim

Acabou a mamata? Com picanha a R$ 1.799,99 o quilo?

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FSP - 10.maio.2021 às 20h10 Churrasco de Bolsonaro tem picanha de R$ 1.799,99 o quilo Marcos Nogueira O Dia das Mães teve churrasco no Palácio da Alvorada. Bolsonaro levou para a residência oficial alguns amigos, como o cirurgião plástico que fez as próteses da primeira-dama Michelle. O churrasqueiro contratado veio de Belém do Pará –1962 km de estrada do Ver-o-Peso até a casa do presida. Ele atende pelo apelido Tchê. Ou pelo epíteto “Churrasqueiro dos Artistas”. Em sua página de Instagram, Tchê aparece ao lado de celebridades como Romero Britto, Eri Johnson e Damares Alves. A residência presidencial está direto no Insta do churrasqueiro dos artistas. Em um post de domingo (9/5), o churrasqueiro aparece com Bolsonaro e dois pacotes de carne. Na embalagem, uma charge do presidente, o slogan de campanha de Bolsonaro e o nome do frigorífico. A mesma foto está no perfil do Frigorífico Goiás, e a legenda anuncia: picanha Mito. Liguei para o frigorífico, em Goiânia. A picanha Mito estava em

Coluna de Eliane Cantanhêde, Estadão, 11/05/2021

  Ódio, trevas e grana Além dos gabinetes do ódio e das trevas, o ‘Estadão’ revela mais um: o do orçamento secreto Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo 11 de maio de 2021 | 03h00 Sem rumo e comando racional, o governo pode até ter ilhas de normalidade, mas, no geral, é dividido entre ministérios onde “um manda e outro obedece” e três “gabinetes” cercados de mistério: o do ódio, o das sombras (ou trevas) e o gabinete secreto, revelado pelo Estadão , para jorrar dinheiro público escondido para parlamentares aliados, sem informar o básico ao distinto público que paga impostos: quem, como, onde e por quê. O do “ódio” alimenta a turba bolsonarista com fake news a favor do governo e contra adversários, convocando atos golpistas contra o Supremo e seus ministros. Quando esses ministros puseram a cúpula do PT na cadeia pelo mensalão e confirmaram a prisão do ex-presidente Lula pelo petrolão, tudo ótimo. Mas, quando dão um basta no golpismo do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores,

Excelente artigo de Vera Magalhães em seu Blog sobre o "Tratoraço", o escândalo do orçamento no governo Bolsonaro denunciado pelo Estadão de 09/05/2021

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  TRATORAÇO Esquema mostra que governo Bolsonaro nomeou 'donos' do Orçamento Por  Vera Magalhães 10/05/2021 17:28 Bolsonaro, Rogério Marinho e Davi Alcolumbre | Divulgação/PR Quando a emenda constitucional 100, de 2019, foi aprovada e promulgada, a impressão que se tinha era de que o Orçamento passsaria a ser mais previsível, por ter execução dita impositiva, sobretudo das emendas. Isso daria ao Legislativo, na teoria, independência em relação ao Executivo, e acabaria com o jogo de liberação a conta-gotas de emendas, a depender das necessidades do governo de aprovar matérias no Congresso. Mas como tudo no Brasil acaba desvirtuado e acochambrado, os novos mecanismos estabelecidos a partir da aprovação do Orçamento impositivo viraram formas de reduzir a transparência da execução orçamentária e para que o governo fizesse parcerias com alguns "donos" dos recursos orçamentários para fidelizar uma base parlamentar que até então não tinha. Foi o amplo acesso aos recursos púb