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Mostrando postagens de maio, 2022

Editorial do Estadão, 31/05/2022

Futuro hipotecado Para viabilizar reajuste a servidores, governo preserva emendas parlamentares, corta recursos da Educação, da Saúde e da Ciência e Tecnologia e compromete o amanhã Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 31 de maio de 2022 | 03h00 A promessa de Jair Bolsonaro de conceder reajuste para servidores que integram sua base de apoiadores ajuda a entender os motivos pelos quais o País está na péssima situação em que se encontra e as razões pelas quais é tão improvável que saia dela no curto e médio prazos. Com inflação em alta, desemprego persistente e um crescimento econômico pífio, o presidente achou por bem reservar R$ 1,7 bilhão do Orçamento para elevar os salários das forças de segurança federais. Agora, para evitar uma greve geral do funcionalismo, o governo será obrigado a abrir o cofre. A estimativa, segundo mostrou o Estadão, é que a medida de aumento linear de 5% para todos os servidores exigirá o remanejamento de R$ 6,3 bilhões adicionais, o que elevará a

Artigo de Carlos Alberto Di Franco, Estadão, 30/05/2022

  Aborto – Cássia Kis versus Lula A legalização do aborto – criticado pela atriz e defendido pelo ex-presidente – é o primeiro elo da imensa cadeia da cultura da morte. Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo 30 de maio de 2022 | 03h00 Em recente entrevista no programa de Fátima Bernardes, Cássia Kis, uma das maiores atrizes brasileiras, surpreendeu ao falar da alegria de sua fé católica e ao criticar o aborto com a autenticidade de quem passou por uma transformação sofrida, mas profundamente libertadora. Não faz muito tempo, outra surpresa: Lula. O político astuto, calculista e com notável capacidade de se posicionar na linha dos ventos favoráveis tem provocado perplexidade entre os seus próprios correligionários. Falando pelos cotovelos, Lula disse que vai resolver os problemas do Brasil abrindo mais estatais. Anunciou que vai acabar com o teto de gastos. Vai criar o Ministério do Índio. Vai detonar a reforma trabalhista e ressuscitar o Imposto Sindical. Disse que policial,

Editorial do Estadão, 30/05/2022

Professor não é bandido Apoio ao ‘homeschooling’ é parte de cruzada ideológica para desmoralizar docentes, cuja tarefa é estimular o pensamento crítico, e escolas, local da convivência com o diferente Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 30 de maio de 2022 | 03h00 A educação convive historicamente com um paradoxo: espécie de unanimidade, quando se trata de elencar áreas prioritárias para o desenvolvimento, é comum outras ações furarem a fila das prioridades, em geral sob o argumento da urgência de preocupações mais imediatas. Seja como for, a ideia de que a educação é um pilar da sociedade − e que, por isso mesmo, merece atenção e investimento − beira as raias do consenso. Ninguém que se preze, especialmente autoridades e políticos, faz discurso contra a educação. Além de completo e absoluto equívoco, seria um tiro no pé. Eis que a educação, até então reinante no imaginário da sociedade brasileira, passou a ser alvo de desconfiança. De parcela minoritária, é verdade, mas, a

Editorial do Estadão, 24/05/2022

Ação entre amigos Compra superfaturada de caminhões de lixo é o mais novo capítulo dessa singular parceria entre Bolsonaro e o Centrão. O que pensa o procurador-geral da República? Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 24 de maio de 2022 | 03h00 A conjunção de um presidente incapaz, uma grei de parlamentares oportunistas e um procurador-geral da República que não demonstra ter gana para cumprir o papel que a Constituição lhe reserva criou esse ambiente singular no qual vultosos recursos do Orçamento são usurpados à luz do dia para financiar ambições estranhas ao interesse público praticamente sem reação. Poucas vezes em nossa história republicana foi tão fácil para uma plêiade de políticos indignos de seus mandatos malversar recursos públicos. Vedações legais, imperativos morais ou espírito público parecem meros detalhes incapazes de fazê-los perder algumas horas de sono que sejam. O jornalismo profissional e independente tem feito a parte que lhe cabe para a construção de u

Artigo de Míriam Leitão, O Globo,, 24/05/2022

Os satélites do bolsonarismo Por Míriam Leitão24/05/2022 04:30 A crise do PSDB vem da perda dos seus valores fundantes. Vem de muito tempo. Não foi deflagrada pelo episódio da candidatura fracassada de João Dória . Na semana passada, só três deputados da bancada tucana votaram contra a proposta absurda do homescholling, um projeto bolsonarista raiz. Pior do que ser parte do bolsonarismo é ser linha auxiliar da extrema-direita com seu projeto deletério para o Brasil. E é o que muitos integrantes do PSDB passaram a ser nos últimos anos. O que leva o parlamentar de um partido que criou o movimento “Toda criança na escola” a votar numa proposta dessas? É desconhecer a própria origem. Agora, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que inventou que na grave crise da educação brasileira a urgência mesmo é a escola domiciliar, quer de novo ajudar a campanha de Bolsonaro. Tentará com um golpe tributário baixar a inflação na marra. Lira usará todos os truques, todas as manobras, todo

Editorial do Estadão, 16/05/2022

  O ‘Centrãoduto’ e as mazelas do Brasil Em vez da prometida modernização, Bolsonaro franqueou o poder ao atraso, cujos representantes no Congresso são criativos na hora de se apropriar de dinheiro público Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 16 de maio de 2022 | 03h00 Quem elegeu Jair Bolsonaro em 2018 tinha lá seus motivos. Um deles, por certo, a expectativa de que o futuro presidente daria um passo à frente na tão sonhada modernização do País. Nem poderia ser diferente: durante toda a campanha, Bolsonaro vestiu o figurino liberal de alguém que faria não só as reformas de que o Brasil tanto precisava, mas também oxigenaria as relações políticas e a máquina pública, rompendo com os vícios do passado, especialmente a trevosa era lulopetista. Modernizar o Brasil, reduzir o tamanho do Estado e abrir o País para o mercado mundial foram promessas de Bolsonaro nas eleições de 2018 − e, por serem o exato contraponto à terrível perspectiva da volta do PT ao poder, lhe renderam a v

Editorial do Estadão, 15/05/2022

  Lula faz o eleitor de bobo Petista quer fazer o País acreditar que, se ele é ‘inocente’, então nunca houve petrolão. Ao agir assim, e prometer ‘recuperar’ a Petrobrás depois que o PT quase a destruiu, é um insulto Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 15 de maio de 2022 | 03h00 O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter recuperado seus direitos políticos após a anulação de suas condenações judiciais no âmbito da Operação Lava Jato, mas isso não significa, nem de longe, que ele tenha sido absolvido pela Justiça nem tampouco que possa apagar o passado, como tenta fazer ao inventar um discurso sobre a Petrobras nesta pré-campanha à Presidência da República. Ao agir assim, Lula trata como idiotas milhões de brasileiros que não se ajoelham sob o altar do PT e que lembram muito bem como o partido tomou a Petrobras de assalto para transformar a empresa em instrumento de política econômica e um centro privado de financiamento de campanha e enriquecimento ilícito. Qualquer

Editorial do Estadão, 14/05/2022

  Caixas-pretas econômicas Lula e Bolsonaro se recusam a discutir seus planos de política econômica. O pior não é que não os tenham, mas que sejam os mesmos que provocaram e aprofundaram a crise Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 14 de maio de 2022 | 03h00 Mal saída da UTI, respirando com um balão de oxigênio após a pandemia, a economia global foi atropelada pela guerra de Vladimir Putin. As rupturas nas cadeias de fornecimento recrudesceram a fome no planeta e o puseram na rota da estagflação. Tanto pior para o Brasil, ainda convalescente após a recessão de 2015-16. Desemprego alto, inflação acelerada e baixo crescimento estão contratados no futuro próximo. Nesta tempestade perfeita, seria de esperar que os dois candidatos com o bloco na rua desde sempre e que lideram as pesquisas estivessem promovendo rodadas de debate acaloradas entre aliados, recrutando tropas de economistas e mobilizando publicistas para explicar seus diagnósticos e advogar seus planos. Nada disso. C

Editorial do Estadão, 13/05/2022

Lula anuncia que será irresponsável Promessa solene de Lula de acabar com o teto de gastos públicos, criado para remediar as lambanças petistas, é uma ameaça sobretudo aos mais pobres, que ele jura defender Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 13 de maio de 2022 | 03h00 Em sua turnê por Minas Gerais como pré-candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar a Emenda Constitucional (EC) 95, que instituiu um teto para os gastos públicos. Promulgada em dezembro de 2016, a EC 95 talvez seja a medida econômica mais importante adotada no País desde a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal. “Eu posso dizer uma coisa a vocês: não haverá teto de gastos para o nosso governo”, discursou o ex-presidente na Universidade Federal de Juiz de Fora, no dia 11 passado. A promessa deve soar mais como ameaça, sobretudo aos brasileiros mais pobres, que Lula jura de pés juntos defender. Afinal, como um Estado falido, que gasta mais do que arrecada, haveria de financiar polít

Editorial do Estadão, 11/05/2022

  O centrismo fake de Lula Alckmin, outrora adepto da cartilha liberal, agora aplaude até a Internacional Socialista. Mas quantos passos Lula deu rumo às ideias centristas, como a responsabilidade fiscal? Nenhum Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 11 de maio de 2022 | 03h00 A campanha de Luiz Inácio Lula da Silva está estruturada em dois eixos retóricos: a ideia de que sob os governos petistas os brasileiros eram felizes e não sabiam e a de que Lula se move rumo ao centro para construir uma frente ampla apta a “salvar a democracia”. “O grave momento que o País atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências para construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam”, afirmou Lula no lançamento de sua pré-candidatura. “Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes para enfrentar a ameaça totalitária, o ódio, a violência, a discriminação, a exclusão. Queremos construir um movimento c

Editorial do Estadão, 10/05/2022

  O prestígio e o papel das Forças Armadas É grave erro usar o prestígio dessa instituição para fins incompatíveis com suas atribuições constitucionais. Militares devem estar distantes da política e de assuntos eleitorais Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 10 de maio de 2022 | 03h00 As Forças Armadas têm prestígio junto à população. Trata-se de um fato bem conhecido. Esse prestígio foi conquistado e é preservado, entre outras causas, pela exemplar lealdade da Marinha, do Exército e da Aeronáutica à Constituição de 1988 e aos princípios republicanos, com a estrita obediência às suas atribuições constitucionais, bem longe da política. É de justiça reconhecer: depois da redemocratização do País, as Forças Armadas entenderam o seu papel dentro da organização de um Estado Democrático de Direito. Não são guarda pretoriana, tampouco poder moderador. Destinam-se, assim o estabelece a Constituição de 1988, “à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa

Editorial do Estadão, 09/05/2022

  A parte da elite que apoia o atraso Seduzidos pelas canetadas populistas de Bolsonaro, alguns empresários flertam com o apoio à sua reeleição, atentando não só contra os interesses nacionais, mas contra o seu próprio Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 09 de maio de 2022 | 03h00 Desde as eleições de 2018, entrou na cena pública um escrete de folclóricos empresários bolsonaristas, tão histriônicos e incorrigíveis como o seu “mito”. Mas, às vésperas de novas eleições, segundo a colunista do Estado Adriana Fernandes, novas lideranças empresariais têm flertado com o apoio à reeleição de Jair Bolsonaro. Com assombrosa capacidade de abstração, elas excluem de seus cálculos a mistura de estagnação econômica, autoritarismo político, indigência administrativa, instabilidade institucional e degradação moral que é o governo Bolsonaro. A psique infantil e insegura do presidente; as afrontas ao decoro e à liturgia do cargo; as relações obscuras com milicianos; a truculência no debate p

Editorial do Estadão, 06/05/2022

  É preciso preservar a autoridade do STF Supremo tem enfrentado um cenário inédito de resistência e oposição em amplos setores da sociedade. Todos, especialmente os ministros do STF, devem zelar pela autoridade da Corte Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 06 de maio de 2022 | 03h00 A Constituição de 1988 dispõe que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário são “independentes e harmônicos entre si”. No entanto, há uma percepção perigosamente generalizada na sociedade de que a Justiça, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF), está em uma rota de desarmonia crescente com os outros Poderes. O Supremo estaria num grau inédito de isolamento, resultado de decisões que teriam contrariado parte da opinião pública e, pior, aplicado de forma duvidosa e parcial a Constituição. A situação é grave. O País precisa não apenas de uma Corte constitucional, mas de uma Corte constitucional respeitada e com autoridade. Suas decisões precisam ser acatadas, concorde-se ou não com elas. No di

Editorial do Estadão, 04/05/2022

  Vendilhões da democracia É estarrecedor que membros de MDB e PSDB, partidos ligados às lutas democráticas, sejam coniventes com Bolsonaro. Por benefícios de curto prazo, transigem com princípios inegociáveis Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 04 de maio de 2022 | 03h00 É triste constatar que a maioria do MDB, partido cuja história está diretamente vinculada à restauração da democracia no País e à Constituição de 1988, não veja problemas em aderir ao bolsonarismo. Segundo revelou o Estadão, se o MDB declinar da decisão de ter candidatura própria ao Palácio do Planalto, a maioria do partido inclina-se por apoiar a reeleição de Jair Bolsonaro. Os dados são de uma sondagem feita pelo MDB entre seus prefeitos, bancadas e delegados eleitos pelos diretórios estaduais. Ainda que não diminua sua responsabilidade, é preciso reconhecer que o MDB não está sozinho nessa proximidade com o presidente da República que afronta as instituições, põe em dúvida o processo eleitoral e tenta en