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Mostrando postagens de 2020

Demétrio Magnoli - O Globo - 28/12/2020

  Que vontade de nascer americano Pela direita, mas também pela esquerda, a linguagem política brasileira mimetiza os temas, os argumentos e até os escândalos teatralizados da ‘guerra cultural’ que consome os EUA ‘Disseram que eu voltei americanizada, que não suporto mais o breque do pandeiro e fico arrepiada ouvindo uma cuíca’. A Carmen Miranda “americanizada” de 1940, baiana caricatural da Broadway, não é nada perto do Brasil de 2020. Pela direita, mas também pela esquerda, a linguagem política brasileira mimetiza os temas, os argumentos e até os escândalos teatralizados da “guerra cultural” que consome os EUA. O culto bolsonarista é uma religião de contrabando. Nos EUA, a ala reacionária do Partido Republicano definiu-se pela tríade “God, guns, gays”. Por aqui, uma extrema-direita sem tradição macaqueia a missa americana, organizando-se ao redor de bispos de negócios, difundindo a homofobia e erguendo a bandeira do “armamento do povo”. No rastro do plágio, o Partido Militar — isto é

Editorial da Folha de São Paulo, 12/12/2020

  Folha de S.Paulo  Vacinação já! Passou de todos os limites a estupidez assassina do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus. É hora de deixar de lado a irresponsabilidade delinquente, de ao menos fingir capacidade e maturidade para liderar a nação de 212 milhões de habitantes num momento dramático da sua trajetória coletiva. Chega de molecagens com a vacina!   Mais de 180 mil pessoas morreram de Covid-19 no Brasil pela contagem dos estados, subestimada. A epidemia voltou a sair do controle, a pressionar os serviços de saúde e a enlutar cada vez mais famílias. Trabalhadores e consumidores doentes ou temerosos de contrair o mal com razão se recolhem, o que deprime a atividade econômica. Cego por sua ambição política e com olhos apenas em 2022, Bolsonaro não percebe que o ciclo vicioso da economia prejudica inclusive seus próprios planos eleitorais.   O presidente da República, sabotador de primeira hora das medidas sanitárias exigidas e principal responsável por ess

Editorial do Estadão, 17/12/2020

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  O demolidor da República e seus cúmplices Na sua empreitada para arruinar a República, Bolsonaro conta com comerciantes da Ceagesp, policiais, militares e o Centrão Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 17 de dezembro de 2020 | 03h00 Desde sua posse, mas especialmente em meio à pandemia de covid-19, o presidente Jair Bolsonaro não se comportou em nenhum momento como se soubesse o que fazer com o poder que os eleitores lamentavelmente lhe conferiram em 2018. Bolsonaro não preside a República; depreda-a – e nisso é coadjuvado não somente pelos fanáticos camisas pardas bolsonaristas, mas por muitos brasileiros comuns que, por ignorância do que vem a ser uma República, respaldam a vandalização da Presidência e, por extensão, da própria democracia. Já não é mais possível saber qual dos atentados de Bolsonaro foi o mais grave nos dois anos de seu tenebroso governo, mas a terça-feira passada é forte candidata a entrar para a história como o dia em que o presidente declarou guerra a s

Artigo de Vera Magalhães no Estadão de 16/12/2020

  Boçalidade contagiosa Mais que o vírus, é o comportamento indigno do presidente que se alastra Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo 16 de dezembro de 2020 | 03h00 As pesquisas divulgadas no fim de semana pelo Datafolha pintam um cenário tão desanimador quanto a nossa absoluta ausência de estratégia para uma campanha de vacinação eficaz contra o novo coronavírus : elas mostram que boa parte da sociedade brasileira foi inoculada pela boçalidade de Jair Bolsonaro , e que ela se alastra por terrenos perigosos e dá a esse presidente, o pior da República, uma resiliência inacreditável num cenário de mortes e crise econômica. O presidente, com seu comportamento indigno da cadeira que ocupa, voltou a dizer nesta terça-feira que não se vacinará contra o novo coronavírus. Como tantas vezes tem feito nos últimos dois anos, novamente se comportou como um inconsequente, ao promover aglomerações na Ceagesp e instar uma criança a tirar a máscara para ser compreendida, e mostrou o ridículo de que é

Editorial do Estadão, 12/12/2020

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  Em nome dos filhos O patrimonialismo da família Bolsonaro é praticado à luz do dia, sem uma nesga de republicanismo, um simulacro de impessoalidade que seja Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 12 de dezembro de 2020 | 03h00 Seria inapropriado dizer que Jair Bolsonaro confunde os papéis de pai e de presidente da República. A bem da verdade, ele nem sequer esconde que não dissocia uma coisa da outra ao se envolver pessoalmente na mobilização de estruturas de Estado e de governo para agirem no melhor interesse dos filhos. O patrimonialismo é praticado à luz do dia, sem uma nesga de republicanismo, um simulacro de impessoalidade que seja. Se nada for feito contra esse despautério, à Nação restará se contentar com o fato de Jair Bolsonaro ter apenas quatro filhos adultos a demandar seus cuidados, ou talvez mais uma estatal tivesse de ser criada só para dar conta das demandas de seus rebentos. O pai presidente, que um dia cogitou dar o “filé mignon” da embaixada brasileira nos Est

Editorial do Estadão, 10/12/2020

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  Um país no purgatório Sob o comando do general Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde transformou-se em cidadela do xamanismo bolsonarista Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 10 de dezembro de 2020 | 03h00 Consta que o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, é especialista em logística. Que a sorte poupe o Brasil de uma guerra em que esse intendente seja o responsável por encaminhar à linha de frente os suprimentos necessários para a batalha. A julgar pelo seu desempenho na guerra contra o coronavírus, seríamos massacrados antes mesmo de chegar o primeiro carregamento de cantis. Quando o general Pazuello assumiu interinamente o Ministério da Saúde, em 16 de maio passado, o Brasil contabilizava 15.633 mortos pela covid-19; quando se tornou o titular da pasta, em 16 de setembro, o total já chegava a 134.106 mortos; agora, o número caminha velozmente para a marca de 180 mil. Ou seja, sob a gestão do intendente Pazuello, o Brasil viu o número de mortos mais que decuplic

Editorial do Estadão, 04/12/2020

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  Um governo cruel O governo federal é a expressão viva da indiferença e da falta da sensibilidade que marca a triste passagem de Jair Bolsonaro pela Presidência Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 04 de dezembro de 2020 | 03h00 Comandado por um presidente que tem evidente dificuldade para demonstrar empatia autêntica por qualquer um que não leve seu sobrenome, o governo federal é a expressão viva da indiferença que marca a triste passagem de Jair Bolsonaro pelo poder. A ministros sem currículo e sem o mínimo cabedal para as nobres tarefas que lhes foram concedidas pela irresponsabilidade bolsonarista, só resta empenhar-se em agradar ao chefe – e o fazem emulando fielmente a truculência tão característica de Bolsonaro. Tome-se o exemplo do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Como se fosse titular do Ministério da Doença, o sr. Pazuello, inspirado no presidente, parece trabalhar em favor do coronavírus, facilitando-lhe a dispersão entre os brasileiros e agravando a pandemia. N

Editorial do Estadão, 26/11/2020

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  No País das Maravilhas No país de Jair Bolsonaro, os pobres e desempregados, que vão enfrentar inevitável redução de renda, podem esperar Notas&Informações, O Estado de S.Paulo 26 de novembro de 2020 | 03h30 No país do presidente Jair Bolsonaro, os pobres e desempregados podem esperar. Sem qualquer plano factível para enfrentar a inevitável redução da renda de milhões de seus compatriotas em razão do fim do auxílio emergencial, Bolsonaro escolheu a negação: comporta-se ora como se o problema não fosse dele, ora como se os pobres afinal não existissem. Não se pode dizer que o presidente seja incoerente. Para quem jura que em 1970 participou da repressão à luta armada durante a ditadura militar – mesmo que se possa comprovar facilmente que, na época, ele tinha apenas 15 anos de idade – não é difícil inventar que governa o País das Maravilhas. Movido por devaneios desse tipo desde que tomou posse, Bolsonaro é uma inesgotável fonte de fantasias a respeito dos feitos de sua administra

Ridendo castigat mores

WhatsApp, ferramenta do demônio - ANTONIO PRATA FOLHA DE SP - 22/11 Se usássemos tambores ou sinais de fumaça, nos entenderíamos melhor Neste ano, engolfado pelo conluio tenebroso entre confinamento e Bolsonaro, entrei em diversos grupos de zap cujo objetivo é defender e aprimorar a democracia. “Conversas progressistas”, “Esporte pela democracia”, “#estamosjuntos”, “Autores democratas”, “Escola antirracista”, “Corredores antifascistas” e por aí vai. Não houve um único grupo em que não chegássemos, em algum momento, numa batalha campal. Engraçado (nem um pouco, na verdade) é a semelhança das brigas. Frases como “Gente, vamos respeitar a opinião alheia?”, “Discordar é uma coisa, debochar é outra!”, “Desculpa, não era esse o tom que eu quis dar”, “A gente já não tinha decidido isso, pessoal????!” e invariavelmente: “fulano saiu do grupo”, “sicrano saiu do grupo”, “beltrano saiu do grupo”. Depois de participar da décima batalha virtual, comecei a desconfiar que o problema não era das pesso

Editorial do Estadão, 25/11/2020

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Um ministro sem rumo Paulo Guedes, da Economia, tem uma vaga ideia de onde está, ignora para onde vai e desconhece, portanto, como chegar lá. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 25 de novembro de 2020 | 03h00 O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem uma vaga ideia de onde está, ignora para onde vai e desconhece, portanto, como chegar lá. Na escuridão, será cobrado ao mesmo tempo para arrumar as contas públicas, ampliar o âmbito da recuperação econômica, aumentar os investimentos e, acima de tudo, cuidar da reeleição do presidente da República. Será complicado combinar os dois primeiros itens, mas pelo menos esse desafio fará sentido. A resposta será possível com um plano bem cuidado, crível e apresentado de forma competente ao mercado. Mas planejamento é algo estranho ao ministro e credibilidade é uma palavra muito longa para seu chefe. Atender a todas as cobranças será impossível. A mera tentativa será desastrosa, como tem sido até agora. Nos próximos dois anos, prometeu o

Editorial do Estadão, 24/11/2020

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  Incúria imperdoável Milhões de testes para covid-19 jazem nos galpões da incompetência. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 24 de novembro de 2020 | 03h00 O Estado revelou que quase 7 milhões de testes para diagnóstico de covid-19 estão estocados em um armazém do governo federal em Guarulhos, São Paulo, prestes a perderem a validade nos próximos dois meses. Esses kits para realização do exame RT-PCR, considerado de “padrão ouro”, ou seja, de alta confiabilidade, não foram repassados para a rede pública de saúde dos Estados e municípios pelas mais variadas razões, todas imperdoáveis diante de uma catástrofe que já matou quase 170 mil brasileiros. Ao longo desses nove meses de pandemia, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou cerca de 5 milhões de testes RT-PCR, menos da metade, portanto, do que poderia ter realizado. Isso dá a dimensão da incúria e do descaso com o bem-estar da população. Só esse lote de testes que jazem encalhados nos galpões da incompetência administrativa

Editorial do Estadão, 20/11/2020

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  O custo da pirraça Como sempre, Bolsonaro tentou transferir uma responsabilidade que é majoritariamente de seu governo. E ainda tratou países europeus como receptadores de produtos roubados. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 20 de novembro de 2020 | 03h00 O presidente Jair Bolsonaro usou a mais recente cúpula do Brics para atacar os países europeus que criticam a política ambiental de seu governo. Não eram nem a hora nem o lugar apropriados para isso, mas Bolsonaro jamais se preocupou com esses detalhes protocolares que regem a relação civilizada entre os países, especialmente quando se trata de exercitar sua diplomacia da pirraça. No entanto, é difícil saber que interesses do Brasil foram defendidos por Bolsonaro quando este, em seu dialeto peculiar e claramente de improviso, decidiu denunciar “países que tenham importado madeira de forma ilegal da Amazônia”, ressaltando que “alguns desses países são os mais severos críticos ao meu governo tocante a essa Região Amazônica”

Editorial do Estadão, 16/11/2020

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  É hora de trabalhar, presidente Com o fim do primeiro turno da eleição, acabou a última desculpa de Jair Bolsonaro para não trabalhar. Qual será a próxima? Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 16 de novembro de 2020 | 03h00 Em agosto passado, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, solenemente, que não participaria das eleições municipais como cabo eleitoral de ninguém, porque, segundo suas palavras, “tenho muito trabalho na Presidência e tal atividade (a campanha eleitoral) tomaria todo meu tempo num momento de pandemia e retomada da nossa economia”. Na mesma época, proibiu seus ministros de participarem da campanha, com argumento semelhante. Como se sabe, contudo, Bolsonaro foi um dos mais ativos cabos eleitorais nesta campanha, bem como alguns de seus ministros. Nem a pandemia acabou nem a economia engrenou, mas o presidente achou espaço na sua agenda para entregar-se a suas especialidades – participar de eleições e ignorar promessas. O presidente alegou que pedia votos par

Reinaldo Azevedo - Folha de São Paulo, 13/11/2020

 Preparem-se! O Bolsonaro do confronto voltou para tentar ficar Cerco a Flávio afeta o equilíbrio do presidente, que abre a tampa do bueiro Jair Bolsonaro vai dar trabalho. O cerco dos fatos ao senador Flávio Bolsonaro afeta o seu equilíbrio instável, e ele abre a tampa do bueiro. Chama os brasileiros de “maricas” , ameaça os EUA com retaliação militar, mente sobre efeitos colaterais da vacina, anuncia a cura da Covid-19, mergulha numa espiral de demência. Chega mesmo a ter um rasgo de sinceridade ao afirmar : “A minha vida aqui é uma desgraça, é problema o tempo todo, não tenho paz para absolutamente nada”. E lá vem um novo ataque aos de sempre, aos urubus: “Não posso mais tomar um caldo de cana na rua, comer um pastel. Quando eu saio, vem essa imprensa perturbar.” Imagine aí, leitor, que atividades a palavra “nada” resume. Não enchêssemos tanto a paciência de Bolsonaro, não existisse um país para ele governar, em que ocuparia o seu tempo, além de tomar caldo de cana e comer pastel?

Editorial do Estadão, 12/11/2020

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  Bolsonaro no mundo da lua A prova de que o equilíbrio de Bolsonaro depende cada vez mais das fases da Lua foi sua ameaça de declarar guerra aos EUA. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 12 de novembro de 2020 | 03h00 O presidente Jair Bolsonaro, como um valentão na hora do recreio, chamou o País para a briga. Descontrolado como poucas vezes se viu em sua vergonhosa Presidência, classificou como “maricas” os milhões de brasileiros que se preocupam com a pandemia de covid-19. Donde se depreende que corajoso, para Bolsonaro, é quem ignora as medidas de proteção contra a pandemia, pois, afinal, segundo suas próprias palavras, “todos nós vamos morrer um dia”. Ou seja, o presidente da República está explicitamente incitando seus governados a correr risco de morte. Mas não ficou só nisso. Bolsonaro questionou a inteligência dos eleitores que apoiam prefeitos “que fecharam as cidades” – isto é, que tomaram providências para conter a pandemia: “Por que esses caras estão bem na frente

Editorial do Estadão, 11/11/2020

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A morte da decência Se Jair Bolsonaro não tivesse transformado a pesquisa e a produção de vacinas contra a covid-19 numa disputa eleitoreira, teria descido aos porões da indecência? Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 11 de novembro de 2020 | 03h00 Os padrões de decência do presidente Jair Bolsonaro, mais do que sua flagrante incompetência, marcam indelevelmente a sua condução do País em meio à maior emergência sanitária de que se tem notícia em mais de um século. Quis o destino que, além da pandemia de covid-19, mal concomitante se abatesse sobre a Nação: o infortúnio de ser governada por alguém sem a mínima noção do bem comum num dos momentos mais dramáticos de sua história. Não é o ideal, mas, nas horas graves, um presidente incompetente sempre pode se acercar de auxiliares capazes antes de tomar decisões quando, a despeito de lhe faltar técnica, lhe sobram humildade, espírito público e genuína compaixão por seus concidadãos. Mas este não é o caso de Bolsonaro, a quem falt

Artigo de Vera Magalhães no Estadão de 11/11/2020

  Masculinidade frágil Derrota de Trump e agruras do 01 abalam confiança de Bolsonaro Vera Magalhães, O Estado de S.Paulo 11 de novembro de 2020 | 03h00 Jair Bolsonaro é uma cobaia ambulante para qualquer tese psicanalítica. Ontem, diante de tantos “eventos adversos graves” para si, sua família e o seu projeto político, o presidente surtou. Como sempre acontece com ele, esses surtos envolvem ao mesmo tempo decisões graves, com consequências para o País, e arroubos que funcionam mais como cortina de fumaça para tentar esconder suas fragilidades. Vamos separar o joio do trigo. Ou o joio do joio, pois não há trigo nesse silo. No rol dos absurdos com graves consequências para o Brasil está a decisão da Anvisa de paralisar os testes da Coronavac por conta de um efeito adverso grave com um entre mais de 13 mil voluntários dos testes clínicos da vacina desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório Sinovac. Acontece que a morte desse paciente nada teve a ver com a vaci

Editorial do Estadão, 10/11/2020

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  Vergonha internacional A demora do presidente Jair Bolsonaro em reconhecer a vitória do democrata Joe Biden ameaça ampliar o isolamento do Brasil. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 10 de novembro de 2020 | 03h00 A demora do presidente Jair Bolsonaro em reconhecer a vitória do democrata Joe Biden na eleição presidencial dos Estados Unidos ameaça ampliar o isolamento do Brasil, já bastante acentuado em razão do comportamento irresponsável do governo em relação a temas caros à comunidade internacional, como o meio ambiente. O argumento do governo para que Bolsonaro não se juntasse a chefes de Estado de quase todo o mundo, que cumprimentaram Biden assim que ficou claro o triunfo do candidato democrata, é que ainda cabem contestações ao resultado, por meio de recursos interpostos pelo presidente Donald Trump, que tentava a reeleição. De fato, é direito do presidente Trump, bem como de qualquer outro derrotado, ingressar na Justiça para questionar o desfecho da eleição, se consi

Editorial do Estadão, 07/11/2020

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 Um chamado às pessoas civilizadas É fundamental que as pessoas civilizadas impeçam os vândalos da democracia de prevalecer, como está acontecendo nos EUA. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 07 de novembro de 2020 | 03h00 O presidente norte-americano, Donald Trump, não decepcionou seus mais fanáticos seguidores e fez o que prometeu há meses: contestou, nos mais rasteiros termos, a contagem de votos que indicavam a eleição de seu rival, o democrata Joe Biden, à presidência dos Estados Unidos. Em pronunciamento na Casa Branca, Trump declarou, sem apresentar qualquer dado concreto, que, se apenas os votos válidos fossem contados, ele seria declarado vencedor. Ato contínuo, exigiu a interrupção da apuração em Estados onde havia avanço da votação em Joe Biden e acusou os opositores de tentarem “roubar a eleição”. Se Donald Trump seguiu um roteiro que foi exaustivamente anunciado, algo absolutamente inusitado aconteceu: três das principais emissoras de TV dos Estados Unidos, que mo