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Mostrando postagens de 2019

Editorial do Estadão - 27/10/19

O Estado de S.Paulo O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello chamou recentemente a atenção para o “momento extremamente delicado” que o País atravessa. O decano do STF denunciou os “surtos autoritários” e os “inconformismos incompatíveis com os fundamentos legitimadores do Estado de Direito”. Apontou também as “manifestações de grave intolerância que dividem a sociedade civil”, estimuladas pela “atuação sinistra de delinquentes que vivem na atmosfera sombria do submundo digital”. Esses delinquentes seriam parte de um “estranho e perigoso projeto de poder”. Uma vez implementado, disse o ministro Celso de Mello, tal projeto de poder “certamente comprometerá a integridade dos princípios que informam e sobre os quais se estrutura esta República democrática e laica, concebida sob o signo inspirador e luminoso da liberdade, da solidariedade, do pluralismo político, do convívio harmonioso entre as pessoas, da livre e ampla circulação de ideias e opiniões, do veto

Bolsonaro atiça o mundo contra o Brasil

Eliane Cantanhêde - O Estado de S.Paulo Os incêndios na Amazônia e o incendiário Jair Bolsonaro conseguiram atrair a ira do mundo para o Brasil. O desmatamento e as queimadas, que evoluem juntos e extrapolam a Amazônia, atingem vários Estados, saem da área rural, O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, se disse “profundamente preocupado”. O presidente da França, Emmanuel Macron, quer convocar o G-7, que reúne as maiores economias do mundo, para reagir. E astros como Gisele Bündchen e Leonardo DiCaprio potencializam a repercussão. O Brasil está isolado. Enquanto isso... o presidente Bolsonaro, seus ministros e principais colaboradores resumem as árvores derrubadas, as labaredas nas florestas, a fumaça que intoxica e as reações pelo mundo afora como uma mera, mesquinha, questão política e ideológica. Não se ouviu uma única frase, uma única palavra do presidente lamentando a devastação, tomando providências, agindo para resolver o aumento do desmatamento e as queimad

Editorial preciso do Estadão sobre as reações contra a lei de buso de autoridade

Apologia do abuso de poder Ao ignorar o conteúdo do projeto de lei aprovado e tecer críticas infundadas, o que se vê é a tentativa de manter a impunidade do abuso de autoridade Notas e Informações, O Estado de S.Paulo 22 de agosto de 2019 | 03h00 Desde que o Congresso aprovou o projeto de lei que criminaliza o abuso de autoridade, tem havido uma saraivada de críticas afirmando que a nova lei seria revanchista, desequilibrada e perigosa para o bom funcionamento da Justiça. Tal oposição não apenas ignora o conteúdo do projeto de lei. As críticas ignoram o fato insofismável de que a nova lei tem uma característica única. É simplesmente impossível que ela seja interpretada enviesadamente, de forma a dificultar a ação dos juízes e procuradores, pela simples razão de que os intérpretes da nova lei serão os próprios juízes e os membros do Ministério Público. Não faz sentido a alegação de que os crimes previstos na nova lei seriam muito abertos, dando margem a uma criminalização da atividad

Nem tudo é questão de dinheiro

sábado, agosto 10, 2019 Trump está certo sobre Baltimore? Vamos ver alguns fatos - WALTER E. WILLIAMS Gazeta do povo - PR/The Daily Signal - 10/08 Baltimore tem a segunda maior taxa de homicídios dos EUA, com 55,8 assassinatos por 100 mil habitantes.| Foto: Imagem de Bruce Emmerling por Pixabay Eis o que o presidente Donald Trump twittou sobre um congressista de Baltimore e sua cidade: “Elijah Cummings (deputado pelo Partido Democrata) tem se comportado como um fanfarrão, provocando os grandes homens e mulheres da Patrulha da Fronteira sobre as condições na fronteira Sul, quando na verdade seu distrito de Baltimore é muito pior e mais perigoso. Seu distrito é considerado o pior dos EUA”. "Como foi provado na semana passada durante uma visita do Congresso, a fronteira é limpa, eficiente e bem administrada, apenas muito cheia", acrescentou Trump. “O distrito de Cummings é uma bagunça infestada de ratos. Se ele passasse mais tempo em Baltimore, talvez pudesse ajudar a limpar est

Chatos não vão à Lua - LUIZ FELIPE PONDÉ

Chatos não vão à Lua - LUIZ FELIPE PONDÉ FOLHA DE SP - 12/08 Quantas etnias e orientações sexuais teriam que estar no projeto Apollo millennial? ​ Vivemos num mundo de chatos. Basta você ver alguém fazer o pedido num restaurante para ver a chatice em ação nos detalhes da alimentação. E se o restaurante não tiver aquele prato especialmente saudável, com a última moda da nutrição vietnamita para pessoas espiritualizadas? Mas, infelizmente, as coisas não são simples assim. Hoje em dia, nem achar algo idiota está livre de ser, em si, um ato idiota ou míope. O mundo é chato, inclusive, porque temos informação o suficiente para saber que ele é muito mais complicado do que pensava nossa vã filosofia. Num excelente artigo escrito no LA Times, e replicado no Jerusalem Post, de Israel, no dia 21 de julho, assinado por Ralph Vartabedian e Samantha Masunaga, vemos um painel social, político, econômico e psicológico do que tornou possível Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisarem na Lua no dia 20 de jul

Até quando, Catilina?

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SENSO INCOMUM A parcialidade judicial: de como (só) a vergonha poderá nos redimir Imprimir Enviar 785 18 de julho de 2019, 8h00 Por  Lenio Luiz Streck “É inadmissível que o Estado, para reprimir um crime, por mais grave que seja, se transforme, ele mesmo, em um agente violador de direitos fundamentais”. (...) “A investigação, acusação e punição de crimes em situação alguma podem se confundir com  uma cruzada moral  ou se transformar num instrumento de perseguição de qualquer natureza.”  Nota da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão – órgão do MPF. A expressão “cruzada moral” usada na nota da epígrafe emitida por membros do MPF me fez viajar de volta alguns anos, para o interessante livro de Kwame Appiah,  O Código de Honra , em que mostra como algumas práticas envergonhantes foram abandonadas a partir do constrangimento que causavam. O constrangimento é uma arma poderosa. Por isso é que criei um verbete chamado  constrangimento epistemológico  no meu  Dicion

Editorial do Estadão - 18/07/19

Respeito ao sigilo bancário O Estado de S.Paulo O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, determinou a suspensão da tramitação de todos os processos judiciais em andamento no território nacional que versem sobre o compartilhamento, sem autorização judicial e para fins penais, de dados fiscais e bancários de contribuintes. Trata-se de uma medida elementar de respeito ao Direito. Protegidos sob sigilo, os dados bancários e fiscais não podem ser compartilhados com o Ministério Público sem autorização judicial. Também foram suspensos, pela decisão do presidente do STF, os inquéritos e os procedimentos de investigação criminal conduzidos pelos Ministérios Públicos Federal e Estaduais que foram instaurados sem a supervisão do Poder Judiciário e nos quais houve compartilhamento, sem autorização judicial, de dados da Receita, do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do Banco Central. A decisão foi proferida num Recurso Extraordinário, com repercus

Demétrio Magnoli - FSP 15/06

Não é sobre Lula ou Moro - DEMÉTRIO MAGNOLI FOLHA DE SP - 15/06 A corrupção do sistema de Justiça não reprime a corrupção política ​Os fins justificam os meios? A pergunta não tem sentido, pois cinde duas instâncias inseparáveis. Nem todas as estradas conduzem a Roma. Os meios escolhidos definem os fins que eles podem alcançar. O vigilantismo miliciano não reduz a criminalidade, ainda que modifique sua morfologia. A corrupção do sistema de Justiça não reprime a corrupção política, ainda que substitua um grupo de corruptos no poder por outro. O conluio de Sergio Moro com os procuradores coloca em risco o combate à corrupção —e, ainda pior, paira como nuvem de chumbo sobre nossa democracia. “Querem macular a imagem de Sergio Moro, cujas integridade e devoção à pátria estão acima de qualquer suspeita”, rosnou Augusto Heleno, invocando “o julgamento popular” para “os que dominaram o cenário econômico e político do Brasil nas últimas décadas”. Não faltou nem o “Brasil acima de tudo!”. Troca

Brilhante artigo de Pedro Menezes!

Empreendedores do atraso: quem lucra com os problemas do Brasil - PEDRO MENEZES GAZETA DO POVO - PR - 04/06 Qual a causa e a natureza da riqueza das nações? Essa pergunta deu título ao famoso livro de Adam Smith, tido como marco de nascimento da economia. Séculos depois de Smith, o americano Douglass Cecil North começou a elaborar a resposta mais aceita pelos economistas hoje em dia: instituições importam. Não por acaso, North foi premiado com o Nobel em 1993. Seu trabalho é muito útil para entender os problemas presentes do Brasil. Instituições são mecanismos que criamos para reduzir a incerteza ao nosso redor. Elas podem ser informais, como os velhos códigos de honra que constrangiam trapaças entre famílias próximas numa pequena vila. Mesmo nos sistemas econômicos mais simplórios, até mesmo em comunidades indígenas sem um Estado moderno, existem instituições informais. Costumes quase universais, como o aperto de mãos na hora de fechar negócios, também são instituições. Quanto mais co

O Supremo viola a constituição que deveria defender

O STF não pode criar leis - EDITORIAL O ESTADÃO O Estado de S. Paulo - 02/06 Não é papel do Supremo legislar e, menos ainda, legislar em matéria penal. Cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) avaliar a chamada inconstitucionalidade por omissão. Em determinadas situações, a inexistência, por exemplo, de um ato legislativo pode representar a violação de uma norma constitucional. Nesses casos, o Supremo, como guardião da Carta Magna, tem o dever de notificar o Poder competente para que corrija a omissão. “Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias”, diz o art. 103, § 2.º da Carta Magna. Atualmente, o plenário do STF julga dois processos nos quais se discute se existe ou não omissão do Congresso Nacional por não ter editado até agora lei que criminalize atos de homofobia e de transfobia.

O Brasil não decola

Nem a galinha decolou - EDITORIAL O ESTADÃO O Estado de S. Paulo - 31/05 Até um crescimento sem fôlego seria bem-vindo num país assolado pelo desemprego, mas nem isso os desempregados, subempregados e desalentados tiveram no primeiro trimestre do novo governo. Até um voo de galinha, um crescimento sem fôlego, seria bem-vindo num país assolado pelo desemprego, mas nem isso os desempregados, subempregados e desalentados tiveram no primeiro trimestre do novo governo, quando a economia encolheu 0,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A atividade continuou fraca em abril e em maio, desanimando empresários e consumidores e derrubando as previsões para este ano. Até o governo cortou sua previsão. Com a confirmação oficial do péssimo começo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou sobre a liberação de dinheiro do PIS-Pasep e do FGTS. Um sinal, enfim, de um empurrãozinho nos negócios e no emprego? Nada disso, por enquanto. Só depois de aprovada a reforma da P

Você investiria num país igual ao Brasil?

Não é difícil entender o custo Brasil: você investiria aqui? - IRAN BARBOSA O TEMPO - MG - 29/05 País tenta, de todas as formas, impedi-lo de produzir A maioria dos investidores estrangeiros não quer investir no Brasil. Claro que a situação política preocupa, mas ainda não é isso o que mais assusta quem vem de fora. Quando questionados, os principais executivos do mundo são muito claros: nossos problemas não são Bolsonaro nem Lula, mas sim a burocracia, a legislação complexa e a insegurança jurídica. Colocar dinheiro aqui, dizem, é não saber sequer se as leis que governam seu setor estarão vigentes no ano seguinte. Imagine isso para quem nos vê de fora: somos um país com centenas de milhares de leis, mas que ainda produz milhares ao ano, variando das mais diversas formas em todos os Estados e em todas as cidades. Iniciar um empreendimento aqui pode levar anos. Abrir uma nova empresa, por si só, já é algo que pode demorar mais de 60 dias. O empreendedor estrangeiro ainda terá que se sub

O Brasil está quebrado!

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A explosiva situação fiscal do governo brasileiro - UBIRATAN JORGE IORIO - E LEANDRO ROQUE MISES BRASIL ORG A explosiva situação fiscal do governo brasileiro - em dois gráficos (atualizados) Para um país ainda em desenvolvimento, as cifras beiram o surreal Quando se fala em corte de gastos, os economistas desenvolvimentistas e de todas as vertentes keynesianas imediatamente gritam que tal medida é recessiva. A máxima deles é a de que "despesa corrente é vida". Nada mais falso. Dizer que gastos do governo geram crescimento econômico é uma grande contradição. O governo, por definição, não produz nada. Ele não tem recursos próprios para gastar. O governo só pode gastar aquilo que antes ele confiscou via tributação ou tomou emprestado via emissão de títulos do Tesouro. Só que tanto tributação quanto endividamento geram consequências negativas sobre a economia. Ao tributar, o governo toma aquele dinheiro que poderia ser usado para investimentos das empresas ou para

Absurdos da justiça brasileira

Justiça absurda - CARLOS ALBERTO SARDENBERG O Globo - 30/05 De onde tiraram que nadar numa piscina particular, para a qual não se paga, é manter a dignidade? O caso: moradora de um condomínio no Guarujá, litoral de São Paulo, e seus filhos foram proibidos de frequentar a piscina, o salão de festas e a brinquedoteca. Motivo: inadimplência, dívida já chegando a R$ 290 mil. O caso foi parar no Superior Tribunal de Justiça, Quarta Turma. O relator, ministro Luis Felipe Salomão, observou no seu voto: “Não há dúvida de que a inadimplência vem gerando prejuízos ao condomínio... (a moradora) está inadimplente desde 1998... E os autores possuem bens suficientes, em valores que superam os R$ 2,5 milhões”. A ministra Isabel Gallotti acrescentou: “Quando se vive em condomínios, a inadimplência causa vários transtornos”. E manifestou sua “perplexidade”, isso mesmo, “perplexidade”, que a inadimplente possa usar áreas que demandam manutenção cara. Na mesma direção, o ministro Marco Buzzi cravou: “Par

Demétrio Magnoli - A retirada tácita

Retirada tática - DEMÉTRIO MAGNOLI FOLHA DE SP - 11/05 É provável que a 'revolução' bolsonaro-olavista provoque a implosão do governo A vitória de Temístocles em Salamina (480 a.C) preservou o mundo grego ameaçado pela Pérsia. O triunfo do macedônio Filipe 2º em Queroneia (338 a.C) unificou as cidades gregas e assentou as bases para a difusão cultural do helenismo. A invasão normanda foi concluída por William, o Conquistador na batalha de Hastings (1066), fonte mítica da moderna Britannia. Segundo uma interpretação exagerada, a civilização ocidental deve sua existência a esse trio de batalhas icônicas. Os generais do alto escalão do governo Bolsonaro certamente as estudaram —e, com elas, aprenderam o valor militar da retirada tática. É hora de aplicar a manobra à política. O pacto dos generais com o capitão reformado nasceu de um equívoco fatal: os primeiros não entenderam a natureza do segundo. Bolsonaro jamais deixou de ser o fanfarrão estéril, turbulento e indisciplinável, a

Acho que este artigo, entre todas suas virtudes, tem um "quê" de profético. Vamos aguardar...

Voltem para os quartéis, soldados. Deu tudo errado! Bolsonaro queria apenas a sua honorabilidade, não suas opiniões 10.mai.2019 Reinaldo Azevedo Folha de São Paulo Acabou a ilusão. A cada dia que os militares, da ativa ou da reserva, permanecem no governo Bolsonaro, as Forças Armadas , como instituição, se degradam. E se sujam com a lama ideológica em que se afunda a gestão. Em vez do amor à pátria, uma pistola 9mm; em vez do hino nacional, uma .45; em vez do patriotismo, o ódio —que alguns pretendem redentor— à democracia. Meu ponto de vista é radical e não admite flertes de nenhuma natureza dos fardados com o poder político. Renuncie, general Hamilton Mourão ! Sim, sei que o senhor foi eleito. Deixe que Rodrigo Maia (DEM-RJ) seja o primeiro na linha sucessória. Os loucos vão se aquietar um pouco. Afinal, o presidente o queria apenas como um espantalho para assustar civis. Voltem, senhores, para os quartéis e seus clubes, e lá se dediquem aos afazeres tipicamente militares e à def