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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Editorial do Estadão, 31/01/2021

  O bê-á-bá do chavismo Jair Bolsonaro já fez rasgados elogios ao ditador Hugo Chávez e do defunto caudilho venezuelano pegou vários cacoetes. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 31 de janeiro de 2021 | 03h00 Os fanáticos camisas pardas bolsonaristas costumam dizer que “Bolsonaro sempre tem razão”, não por acaso uma das divisas do fascismo italiano. Mas a inspiração do movimento extremista liderado pelo presidente Jair Bolsonaro está bem mais próxima no tempo e no espaço: é o chavismo. Os bolsonaristas podem não querer se lembrar, mas Bolsonaro já fez rasgados elogios ao ditador venezuelano Hugo Chávez, a quem hoje trata como demônio. Em entrevista ao Estado, em 1999, Bolsonaro disse que Chávez era uma “esperança para a América Latina” e que “gostaria muito que sua filosofia chegasse ao Brasil”. Do defunto caudilho venezuelano, de fato, Bolsonaro pegou vários cacoetes: o profundo ódio pela imprensa livre, o desprezo pela democracia representativa, a militarização do governo, o

Editorial do Estadão, 30/01/2021

  A época da patifaria Além de conspurcar o exercício da Presidência e dar o governo ao Centrão, Bolsonaro pode ressuscitar a oposição destrutiva, liderada pelo lulopetismo, que floresce no caos. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 30 de janeiro de 2021 | 03h00 Em abril do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro, durante um dos tantos protestos golpistas que estimulou, esbravejou contra o Congresso: “Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás, nós temos um novo Brasil pela frente. Acabou a época da patifaria!”. Pouco menos de um ano depois, Bolsonaro partiu para a compra explícita de apoio de parlamentares e partidos fisiológicos. Isso nem velha política é, pois no passado, mesmo que a negociação de votos fosse a norma, ainda havia eventualmente algum acordo em torno de projetos em comum. Hoje não mais: o que há é a entrega do governo para a deglutição do Centrão, que se banqueteará de cargos, verbas e poder. Poucas s

Editorial do Estadão, 27/01/2021

  Governo inexistente Para o País que trabalha e produz, está claro que não se deve contar com um governo que não existe mais, se é que algum dia existiu Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 27 de janeiro de 2021 | 03h00 A palavra do presidente Jair Bolsonaro não vale nada. Diz algo num dia para desmentir suas próprias declarações no dia seguinte, desmoralizando-se como chefe de governo. Bolsonaro tornou-se sinônimo de caos – sua especialidade desde que aprontava como militar indisciplinado. A rigor, sua gestão nem pode mais ser chamada de “governo”, pois um governo presume alguma direção, projetos claros e liderança política razoavelmente sólida. Bolsonaro não inspira nada disso: é, ao contrário, fonte de permanente inquietação e desorganização. Para o País que trabalha e produz, está claro que não se deve contar com um governo que não existe mais, se é que algum dia existiu. Pior: é preciso encontrar maneiras de defender a vida e o patrimônio da dilapidação institucional e ad

Editorial do Estadão, 21/01/2021

A alternativa a Bolsonaro O mais inepto presidente da história só se segura porque não foram reunidas condições políticas para afastamento constitucional. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 21 de janeiro de 2021 | 03h00 Está claro para um número cada vez maior de cidadãos que Jair Bolsonaro não reúne mais condições de continuar na Presidência e que sua permanência no poder põe em risco a vida de incontáveis brasileiros em meio à pandemia de covid-19, em razão de sua ignominiosa condução da crise. O mais inepto presidente da história pátria só se segura no cargo, do qual jamais esteve à altura, porque ainda não foram reunidas as condições políticas para seu afastamento constitucional. Essas condições políticas dependem majoritariamente de um entendimento não em relação aos muitos crimes de responsabilidade que Bolsonaro já cometeu, hoje mais que suficientes para um robusto processo de impeachment, e sim em relação ao projeto de país que se pretende articular para substituir o

Corrupção institucionalizada

Desembargadores de MT têm extra de até R$ 274 mil Em média, os 29 magistrados do TJ receberam em dezembro R$ 298,5 mil; salário-base é de R$ 35,5 mil e vencimentos inflados resultam de ‘penduricalhos’ e vantagens Patrik Camporez, O Estado de S.Paulo 20 de janeiro de 2021 | 05h00 BRASÍLIA - Com uma remuneração base de R$ 35,5 mil, o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso Mario Kono recebeu, apenas no mês passado, quase R$ 274 mil como valor extra em sua conta. Ele não é exceção. A média do que foi pago aos 29 magistrados do tribunal, em dezembro, foi de R$ 262,8 mil. Os contracheques gordos do fim do ano vieram de “penduricalhos” e vantagens extras previstas nas normas da Corte. A Constituição limita o pagamento de salários no funcionalismo público ao que ganha um ministro do Supremo Tribunal Federal – R$ 39,3 mil –, mas, em alguns casos, tribunais e demais órgãos públicos muitas vezes conseguem driblar a regra ao incluir auxílios como verbas indenizatórias, o que não ent

Artigo de Miriam Leitão, O Globo, 19/01/2021

  COLUNA NO GLOBO A pior gestão da crise sanitária Por  Míriam Leitão 19/01/2021 04:30 O comportamento do presidente Bolsonaro durante esta pandemia não foi apenas execrável, foi criminoso. Ele deveria estar hoje respondendo a um processo de impeachment. Brasileiros morreram por causa da sua atitude e de suas decisões. Ele é o chefe do governo e dá o comando. Uma sucessão de erros tem origem em ordem direta do presidente. O Ministério da Saúde demorou a negociar a compra de vacinas e perdeu várias oportunidades de negócio, o Itamaraty deixou de fazer acordos e criou crises bizarras com países como a China. O ministro Pazuello em mais uma de suas desastrosas entrevistas, mostrou ontem que não sabe qual é o inimigo. “Essa é a nossa guerra”, disse, e não se referia ao vírus, mas sim à imprensa. “A guerra contra as pessoas que estão manipulando o nosso país há muitos anos”. Depois, declarou guerra aos fatos. Negou ter feito o que fez, e falado o que falou, numa tempestade de mentiras desco

Editorial do Estadão, 19/01/2021

  Apesar de tudo, a vacina O Brasil deve ser o único país onde o início da vacinação representou uma derrota política para o presidente. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 19 de janeiro de 2021 | 03h00 O Brasil deve ser o único país do mundo onde o início da vacinação da população contra a covid-19 representou uma derrota política para o presidente da República. Foi assim porque Jair Bolsonaro em nenhum momento trabalhou com seriedade para conseguir um imunizante para os brasileiros. Ao contrário. Do alto do cargo que ocupa, fez o que podia e o que não podia para sabotar os esforços dos que lutaram incansavelmente para viabilizar a única solução para uma tragédia que já matou mais de 210 mil pessoas no País e levou milhões ao desemprego e à extrema pobreza. Apesar das forças contrárias, da negação da realidade e de uma sórdida campanha de desinformação, prevaleceram a ciência, a boa governança e o espírito público dos agentes de Estado. E a Nação assistiu, enfim, ao início da

Marcos Lisboa, Folha de São Paulo, 16/01/2001

  Não existe boca-livre Estados compensam privilégios tributando mais o restante da sociedade 16.jan.2021 às 23h15 A última coluna criticou a reação de alguns setores à proposta do governo de São Paulo de reduzir em média 20% os benefícios tributários concedidos pelo estado. A longa lista de bens com tratamento favorecido pode ser encontrada nas páginas 369-373 da lei aprovada pela Assembleia e inclui itens como aviões, areia e insumos utilizados na agricultura. O problema não é de pouca monta. Os benefícios tributários do ICMS em São Paulo reduzem a arrecadação em R$ 43 bilhões por ano, bem mais do que o governo federal gasta com o Bolsa Família, como escrevi. Lideranças do setor privado, sobretudo do agronegócio , discordaram da coluna, argumentando que os demais países concedem subsídios. Preservar os benefícios seria importante para garantir a competitividade do setor. Não é bem assim. As exportações continuam sem incidência de ICMS, refletindo a boa prática internacional de tri

Artigo de Miriam Leitão, O Globo, 17/01/2021

  Conspiração Bolsonaro Por  Míriam Leitão 17/01/2021 04:30 A oposição ao governo Bolsonaro só não pode dizer que não entendeu aonde ele quer chegar. Conspiradores como Donald Trump e Jair Bolsonaro fazem tudo às claras, e o daqui repete o roteiro com alguma defasagem. A distância que existe é entre original e cópia. Quando parlamentares do PT, PDT, PSDB se alinham ao candidato que Bolsonaro defende para presidir o Senado sabem o que estão fazendo. Compactuam. Os votos serão no escurinho, onde Tancredo ensinou que é o lugar das traições, mas os oposicionistas fazem às claras achando que todos entenderão o pragmatismo. A História olhará esse distópico tempo nosso de forma implacável. Não adiantará explicar que foram oferecidos bons lugares na mesa diretora, distribuídas presidências de comissões. Não há nada contra o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em si. Não é pessoal. É porque na situação em que ele se encontrará terá que pagar o apoio. O presidente se mobilizou, seu padrinho Davi A

Artigo de Miriam Leitão em O Globo, 16/01/2021

  COLUNA NO GLOBO Um joelho sobre o nosso pescoço Por  Míriam Leitão 16/01/2021 04:31 É mais do que Manaus, é o Amazonas inteiro. É mais do que o Amazonas, é o Brasil que não consegue respirar. A tragédia dos amazonenses é a de todos nós. No pescoço do país, retirando o oxigênio, há uma pandemia e o peso de um péssimo governo. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o submisso, na quinta-feira à noite, ao lado do presidente, disse que Manaus estava em colapso. Falou como se não fosse ele o ministro. Era o reconhecimento do seu próprio fracasso, mas ele responsabilizou a localização geográfica da cidade e a falta da cloroquina. “Outro fator é que Manaus não teve a efetiva ação no tratamento precoce”, disse, usando o novo nome do remédio ineficaz prescrito por Bolsonaro. O promotor que entrou no hospital carregando o cilindro com ar, comprado por ele, e que chegou no momento exato em que seu filho iria parar de respirar. O choro dele dizendo que viu pessoas morrendo no caminho até salvar

Artigo de Merval Pereira em O Globo, 16/01/2021

  PANDEMIA EM MANAUS De quem é a culpa? Por  Merval Pereira 16/01/2021 04:31 O Brasil está quebrado. Não posso fazer nada”. Sobre Manaus: “Fizemos o que foi possível”. “O que está acontecendo lá não tem nada a ver com o governo Federal”. São palavras de um homem que foi eleito presidente da República num país chamado Brasil e que, diante da maior tragédia humanitária já ocorrida no país, com pessoas morrendo asfixiadas, dentro da maior pandemia em um século, diz que nada pode ser feito, e lava as mãos. Um governo tão anarquizado que pretendia mandar um avião à Índia buscar dois milhões de doses de uma vacina que não está disponível. Todo esquema oficial de vacinação foi por água abaixo, o Dia D, a Hora H do General Eduardo Pazuello foram atropelados pela incapacidade de organização do governo. Estivesse ele à frente das tropas aliadas que desembarcaram na Normandia, os alemães ganhariam a guerra. O governo quer fazer crer que a culpa é do governo indiano, que atrasou a remessa. O fato

Editorial do Estadão, 09-01-2021

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  Precisa-se de um ministro da Saúde A infeliz declaração de Pazuello, que nem de seringas e agulhas entende, mostra a clara opção por lavar as mãos diante de uma tragédia. Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 09 de janeiro de 2021 | 03h00 Em vez de se arvorar em consciência crítica da imprensa brasileira, faria melhor o intendente Eduardo Pazuello se trabalhasse como se espera de um ministro da Saúde no curso de uma crise sanitária que já matou mais de 200 mil de seus concidadãos. Informação correta para nortear a atuação do poder público não falta. A bem da verdade, nunca faltou. O que anda em falta é coragem ao ministro para atuar de acordo com os dados científicos à disposição do governo para pôr fim a este descalabro que é a condução da pandemia no âmbito federal. O ministro Pazuello prefere ignorar os fatos e adular cegamente o seu chefe, o presidente Jair Bolsonaro, um convicto negacionista da tragédia e sabotador das medidas de contenção ao espalhamento do novo coronaví

Artigo de Miriam Leitão, O Globo, 07/01/2021

  Golpe de Trump alerta o Brasil Por  Míriam Leitão 07/01/2021 04:30 Como um Nero dos nossos tempos, o presidente Trump criou um tumulto social, incendiou o país com mentiras e ficou no Salão Oval vendo o fogo cercar as instituições americanas. O Brasil pode apenas observar ou pode se proteger. Esse é exatamente o plano do presidente Bolsonaro e por isso ele alimenta desde 2018 a teoria conspiratória em torno da urna eletrônica, das leis eleitorais do país, do STF. Ele planta para colher o que vimos ontem acontecer em Washington. A democracia americana tem regras complexas de apuração da vontade popular, mas tem instituições fortes dispostas a manter que a Constituição seja respeitada. Por isso, o sistema derrotou a tentativa de golpe disparada pelo presidente da República. Trump usou todos os poderes da presidência para atacar a Constituição. As cenas vistas ontem na capital americana foram chocantes. Trump decidiu levar o país à beira do colapso institucional. Esse é o modelo do pres

Fernando Gabeira, O Globo, 04/01/2021

  Na marca do pênalti No prontuário de Bolsonaro, não pesam só vidas humanas, mas todos os componentes da riqueza do Brasil Bolsonaro fez parte de um seleto grupo de estadistas que negaram a pandemia. Em seguida, foi o único no mundo, ressalta o jornal “Le Figaro”, que se colocou negativamente diante da vacinação. Ele foi escolhido como o pior corrupto do ano, pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project. Coisa de comunistas? Os escolhidos anteriormente foram Putin, Maduro e Duterte. Bolsonaro chegou ao fim de 2020 com 24 pedidos de impeachment acumulados na gaveta. Alguns comentaristas acham que ele zombou da tortura em Dilma Rousseff para desviar a atenção de seu fracasso diante da pandemia. Mas é uma tática estúpida. Não se disfarça a morte com cheiro de morte, muito menos se esconde a desumanidade contra muitos, concentrando-a numa só pessoa. O conjunto de declarações de Bolsonaro está registrado. Uma pandemia com quase 200 mil mortos não desaparece na história como um rel

Artigo de Pedro Fernando Nery no Estadão de 03/01/2021

  A vida de milhões de pessoas vai piorar em 2021 Com o fim do auxílio emergencial, expectativa é que pobreza e desigualdade vão aumentar no País Pedro Fernando Nery *, O Estado de S.Paulo 03 de janeiro de 2021 | 05h00 Mafalda caminha com Susanita pela rua. A amiga pergunta: “Como será o ano que vem?”. “Muy valiente” responde Mafalda. “Porque, como andam as coisas, se animar a vir...” A tirinha de Quino, uma das vítimas de 2020, me veio à mente depois de ler coluna de Leandro Karnal no último domingo. Nela, Karnal provoca o leitor a imaginar 2020 como “um ano admirável, maravilhoso”. Entre suas reflexões, a de que de 2020 não se pode piorar. Afinal, estão no horizonte as vacinas, fruto do extraordinário avanço da ciência, e a própria recuperação econômica. O ano que se inicia seria um ano de potencial. Como o título deste texto sugere, eu discordo. 2021 vai ser pior. Talvez não para o leitor, mas para muitos brasileiros. Até a semana passada, eles podiam contar com a ajuda do auxílio e

Editorial do Estadão, 01/01/2021

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Ainda faltam 17,5 mil horas O Brasil conta as horas para o fim do governo de Bolsonaro. A partir de hoje, quando se completa a 1.ª metade do mandato, faltarão 17,5 mil – uma eternidade Notas & Informações, O Estado de S.Paulo 01 de janeiro de 2021 | 03h00 O Brasil conta as horas para o fim do governo de Jair Bolsonaro. A partir de hoje, quando se completa a primeira metade do mandato, faltarão cerca de 17,5 mil – uma eternidade, considerando-se que se trata do pior governo da história nacional. Se os dois primeiros anos da gestão de Bolsonaro servem de parâmetro para o que nos aguarda na segunda parte do mandato, o Brasil nada pode esperar senão mais obscurantismo, truculência e incapacidade administrativa, pois essa é a natureza de um governo cujo presidente não se elegeu para governar, e sim para destruir. Não se tem notícia de que alguma das promessas formais de campanha de Bolsonaro tenha sido cumprida. Ele e seu “superministro” da Economia, Paulo Guedes, passaram quase toda a