Ainda sobre a missa em latim

Fiz alguns comentários sobre críticas tecidas pelo Dr. Nério sobre a possível volta da celebração da missa em latim. Afirmei não ver problema nenhum nisso. Disse que o latim é a língua oficial da Igreja Católica, sendo utilizada em todos os seus documentos oficiais e conversação entre as autoridades eclesiásticas. Inclusive nas missas rezadas pelo Papa que, depois, se dirige ao grande público em inúmeros idiomas. No seu blog, o Dr. Nério, de forma brilhante - como aliás são sempre suas intervenções, escritos e manifestações - fez outras considerações, inclusive sobre a leitura da Bíblia, dizendo que não é costume dos católicos lê-la . Neste ponto dou-lhe alguma razão. Entretanto, acho que não é primordial, para ser um bom cristão, bom católico (ou boa pessoa), a leitura constante do livro sagrado ou grande conhecimento a seu respeito. Usando um ditado popular, vale mais a prática que a gramática. E, para sustentar minha tese, recorro ao espetáculo diário que se vê nos meios de comunicação, com os "bispos" e "pastores" de determinadas "igrejas" (as aspas e o uso de letras minúsculas foram propositais, por não reconhecer, nessas pessoas ou entidades, as qualidades inerentes ao significado das palavras destacadas). Sem dúvida que são exímios conhecedores da Bíblia. Conhecem-na de cor e salteado. Não dizem duas palavras sem citar três passagens dela. Entretanto, usam o conhecimento para fazer da religião uma autêntica "máquina de arrecadar". Um deles chega a distribuir, nos "cultos", boleto bancário e caneta para os "fiéis", amparando seu pedido em textos da Bíblia. E para aqueles que têm dificuldades de escrever, oferece os "obreiros da igreja" para o preenchimento do documento. É evidente que trata-se de refinada malandragem destinada a tungar os incautos. Mas não se pode negar que conhecem perfeitamente a Bíblia. Interpretam-na, evidentemente, segundo seus interesses. Poderia, ainda como exemplo de que o conhecimento da Bíblia não é condição sine qua non para ser uma boa pessoa, voltar na história e relembrar Caifás, sumo sacerdote dos judeus e presidente do Sinédrio, que condenou Jesus. Certamente era profundo conhecedor da Bíblia. Mas deu no que deu.

Relativamente a outras considerações sobre a história da Igreja Católica, inclusive eventuais erros de figuras importantes de sua hierarquia, prefiro abster-me de comentar, por reconhecer não ter as qualificações e o conhecimentos necessários para isto. Acho, apenas, que se o Papa João Paulo II pediu perdão em nome da Igreja Católica pela inquisição ou por outros erros eventualmente cometidos, agiu corretamente. Demonstrou humildade, que é qualidade inerente a um grande líder religioso e reconheceu que, apesar de sua origem divina, a Igreja Católica é composta de homens, aos quais é imanente a imperfeição.

Encerro por aqui. Agradeço ao Dr. Nério a sua inteligência, que me obrigou a recordar, buscando lá no mais recôndito de minha memória, o que havia aprendido ainda na minha juventude no Colégio Marista de Londrina.

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