Democrata que não aceita crítica?
Notícia no Estadão de hoje:
Dilma exige retratação da Febraban e bancos tentam evitar crise com o governo
Documento assinado pelo economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, colocou em dúvida se a queda das taxas de juros resultaria em ampliação da oferta de crédito
08 de maio de 2012 | 22h 00
Tânia Monteiro, O Estado de S. Paulo - texto atualizado às 0h15
para acréscimo de informação
BRASÍLIA
- BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff não gostou do tom usado pela Federação
Brasileira dos Bancos (Febraban) no relatório assinado pelo economista-chefe da
entidade, Rubens Sardenberg, e mobilizou o Ministério da Fazenda para exigir
uma retratação. No início da noite desta terça-feira, a federação divulgou uma
nota para dizer que o texto de Sardenberg não pode ser interpretado "como
posicionamento oficial da entidade ou de seus associados".
Na
segunda-feira, Sardenberg escreveu um texto em que analisava o potencial efeito
dos juros mais baixos sobre a oferta de crédito. No documento, argumentou que
havia limites para a ampliação do crédito, como o alto nível de inadimplência,
e afirmou: "Você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não
conseguirá obrigá-lo a beber água".
O governo
interpretou a frase como uma provocação dos bancos, em meio à polêmica sobre a
redução das taxas de juros cobradas de pessoas físicas e empresas no País.
Principalmente
depois de representantes dos bancos terem assegurado à presidente Dilma
Rousseff, na semana passada, que estavam comprometidos com o objetivo do
Planalto de reduzir as taxas de juros.
Na
conversa com a equipe econômica, Dilma queixou-se de que essa é a segunda
investida da Febraban contra o seu governo. A primeira teria sido uma
declaração do presidente da Febraban, Murilo Portugal. Após participar de um
encontro com autoridades em Brasília, no início de abril, o executivo afirmou
que a bola, a partir de então, estaria com o governo.
Na
ocasião, ele levou um conjunto de propostas que, na avaliação da Febraban,
seriam necessárias para permitir a queda dos juros e dos spreads bancários -
diferença entre a taxa que os bancos pagam na captação do dinheiro e a que
cobram nos empréstimos dos clientes.
Negociações. Na reunião com a equipe econômica
ontem para discutir a nota da Febraban, a presidente mandou o recado que não
quer ouvir outras manifestações políticas da federação contra o governo. E
cobrou que a Febraban voltasse atrás no tom usado na nota. O dia foi de
intensas negociações e costuras promovidas por duas frentes distintas, uma pelo
ministro da Fazenda, Guido Mantega, outra pelo secretário executivo da pasta,
Nelson Barbosa.
Desde
cedo, os principais bancos privados do País correram para tentar apagar o
incêndio político. Os banqueiros se esforçaram para desfazer o mal-estar e
telefonaram para o ministro Guido Mantega.
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