ENTRE OS ÚLTIMOS

Na lanterna da América Latina
Eduardo Graeff (22/11/06 08:48)
Permitida a reprodução citando a fonte

O governo Lula sai mal na foto quando se compara o crescimento econômico do Brasil ao do mundo (veja esta nota). Mas a comparação mais significativa é com a América Latina, porque pega o impacto da turbulência financeira do mundo sobre a região na segunda metade da década de 1990 e o vento a favor na primeira metade da década de 2000. Nessa comparação, Lula se sai ainda pior. Confira.

Busquei os dados sobre o crescimento da América Latina no site do FMI e incluí no arquivo Excel linkado na nota anterior. Se quiser, você pode baixar daqui.

O resumo da ópera é o seguinte: a América Latina cresceu modestos 2,5% ao ano no começo da década de 1990 enquanto o Brasil mergulhava na recessão do governo Collor.

Em 1993-1994 a região acelerou para 4,6% ao ano e o Brasil saiu do atoleiro e acelerou ainda mais, para 5,4% ao ano, graças ao Plano Real, que na época Lula e sua turma chamavam depreciativamente de Plano FHC, apostando que não ia dar certo.

Não só deu certo como permitiu ao Brasil atravessar as crises financeiras externas crescendo só um pouco menos do que a América Latina (2,6% e 3,2% respectivamente) no primeiro governo FHC e muito mais do que ela no segundo governo (1,2% e 2,1%). Ou seja: as crises fizeram um estrago em toda a região mas o Brasil, graças às reformas de FHC, resistiu muito melhor e sofreu menos.

Essa é a "herança maldita" sobre a qual Lula não consegue se privar de cuspir.

E Lula, como se saiu? Muito mal, como sabemos. Botando o Brasil na laterna da América Latina em matéria de crescimento, na frente apenas do pobre Haiti. Mas como, exatamente? Deixando o Brasil com o freio de mão dos juros, do câmbio e da carga tributária puxado, crescendo a 2,6% ao ano, enquanto a região sacudia a poeira das crises e acelerava para 4,0% ao ano em 2003-2005.

E ele ainda se acha um grande líder regional... De fato, campeão absoluto do penúltimo lugar. Candidato à segunda divisão, disputando com a África subsaariana e os retardatários da Ásia. Disputando e perdendo, aliás: a África subsaariana cresceu 5,5% em 2005 e deve fechar este ano ainda melhor, com 5,8%.

É isso, Lula. Vamos comparar mais?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Artigo de André Lajst, O Globo, 21/01/2024

Artigo de Natália Pasternak, O Globo, 21/08/2023

Artigo de Carlos Andreazza, O Globo, 02/06/2023