Vergonha!

Falou e não disse

Carlos Brichmann

O Brasil, há 67 anos, abre a Assembléia Geral da ONU. E desde o segundo ano (dizem que no primeiro, com o estadista gaúcho Oswaldo Aranha representando o país, o discurso foi denso e relevante), ninguém mais prestou atenção, exceto no Brasil, ao que dizem os presidentes brasileiros.
Dilma Rousseff manteve a tradição: defendeu a paz, condenou a guerra, defendeu o bem, condenou o mal. Disse (com toda a razão) que não há solução militar para o conflito sírio e pediu a todos que deponham as armas. Os participantes do conflito certamente levarão o pedido em conta assim que pararem de rir.
Diplomacia e diálogo são as únicas possibilidades no caso sírio, disse Dilma. É verdade; mas quais os limites, a orientação, qual o papel do Brasil nesse diálogo? Isso ficou para depois: algum dia, quem sabe, todos esses segredos da mais alta diplomacia serão revelados ao mundo embasbacado.
Mas não se limitou Sua Excelência à alta política internacional. Falou da importância de criar medidas para evitar o aumento do número de mortes de jovens em acidentes de trânsito (já pessoas de mais idade certamente não precisam de segurança); da busca dos países americanos pela democracia; e, claro, apesar do item anterior, da defesa do regime castrista em Cuba, que já dura mais de 50 anos sem que se perca tempo com a formalidade de eleições, essas bobagens. E, aproveitando a tribuna, condenou a política monetária dos países desenvolvidos.
Enfim, um discurso sem o qual o mundo seria tal e qual.

(Fonte: http://ucho.info/falou-e-nao-disse )

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