Pequenos ditadores II

Brasília - Um tribunal de São Paulo proibiu a exibição de um filme anti-islã que provocou protestos violentos no mundo muçulmano e determinou que o YouTube tem 10 dias para tirar o vídeo do ar.
A decisão foi tomada por um juiz da 25a Vara Cível Central de São Paulo, onde vive uma grande comunidade de imigrante do Oriente Médio.

O pedido foi feito pela União Nacional das Entidades Islâmicas (UNI) contra o Google, proprietário do YouTube, por ter disponibilizado na internet o vídeo que é considerado pelo grupo como ofensivo e uma violação ao direito constitucional à liberdade religiosa.
Em sua decisão, o juiz Gilson Delgado Miranda disse que o caso contrapunha liberdade de expressão e a necessidade de proteger indivíduos ou grupos de pessoas de ações que possam incitar a discriminação religiosa.

Comento: O mau exemplo se dissemina fácil. Um  juiz aqui, outro acolá e, em breve, teremos instituída a censura prévia e a cassação do direito à livre expressão do pensamento. Vi o filme:  ele não incita a discriminação religiosa. Apenas mostra Mamomé como um sujeito comum que, inclusive, faz sexo oral numa mulher.

Ora, isto não é discriminação religiosa. Muito menos é "islamofobia", como está na moda dizer. É, apenas, a manifestação do pensamento de um idiota que fez o filme que quis fazer. Se as entidades se sentem ofendidas, que enviem cartas, façam manifestos (não violentos, é claro) e usem de todos os outros meios democráticos para dizer que discordam do filme. Entretanto, não podem cercear o direito à livre manifestação do pensamento.

Imaginem se a moda pega. Os cristão teriam que pedir à justiça que tire a novela Avenida Brasil do ar, porque lá tem um padre que é idiota comilão, que ajuda a bandida Carminha a meter a mão no dinheiro que deveria ser destinado à caridade. Ou, então, teriam os cristãos que pedir também à Globo que retire a novela Gabriela do ar, porque nela aparecem umas velhotas carolas que ridicularizam as mulheres cristãs, além de um padre meio desmunhecado que está a serviço dos coronéis.

É evidente que este não é o caminho. O caminho é aceitar que cada um pode pensar e se manifestar do jeito que achar correto, mesmo que nos desagrade ou nos ofenda a sua maneira de pensar... Ou, então, que se revogue a constituição.

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