Triste constatação

O Brasil está fadado a manter o status de República das Bananas, por obra e graça dos operadores do Estado, pois quem deveria mandar e fiscalizar – neste caso a sociedade – continua dormindo cegamente em berço esplêndido.

Durante os quase oito anos de mandato – faltam 50 dias para finalizar o malfadado ciclo – Luiz Inácio da Silva fez questão de repetir que sua mãe nasceu analfabeta. É fato que todo e qualquer ser humano, até prova em contrário, nasce analfabeto, mas o que presidente quis dizer é que ele [Lula] é filho de mãe analfabeta. Tudo muito bem, mas até agora ninguém conseguiu compreender que diferença faz ser filho de uma analfabeta ou de um letrado, pois se o rebento não tiver talento, mandinga alguma resolve.

Quando, dias trás, Lula saiu em defesa do agora não analfabeto Tiririca, provavelmente o fez como forma de homenagear a própria mãe, Dona Lindu. Imaginar que o Brasil pode avançar no cenário internacional como suposta potência tendo representantes do naipe de Tiririca é um misto de devaneio com irresponsabilidade.

Como se não bastasse, o ministro da Educação, que em tese é a maior autoridade do setor no País, tentou justificar as trapalhadas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) usando a palavra "cabeçário". Quem sabe o deputado-palhaço Tiririca consiga explicar a Fernando Haddad que o correto é "cabeçalho".

Em outro ponto dessa barafunda chamada Brasil, o secretário nacional de Comunicação do PT – atente para o cargo –, deputado federal André Vargas (PR), chamou para si a tarefa de amainar o fogo dos indignados que chamusca o polêmico Enem. No microblog que mantém no Twitter, André Vargas, também conhecido como "Bocão", postou a seguinte mensagem: "os problemas do Enem era… (…) dimuni para cerca 2 mil e já está chegando em 400". Qualquer comentário a respeito seria como golpe mortal.

Suspenso provisoriamente pela Justiça Federal do Ceará, o fatídico Enem teve o seu prosseguimento liberado por decisão do desembargador Luiz Alberto Gurgel de Faria, presidente do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gurgel de Faria, que alegou que a suspensão do Enem traria transtornos aos organizadores e candidatos em todo o Brasil, destacou a possibilidade de prejuízo, da ordem de R$ 180 milhões, em decorrência da decisão da Justiça Federal do Ceará. Em outras palavras, por conta de um amontoado de dinheiro público a Justiça deixou de fazer justiça, não sem antes endossar a incompetência criminosa do Estado. Supostamente cega, a Justiça perdeu a grande chance de educar, mesmo que com a força da lei, os trapalhões que fazem do Ministério da Educação um puxadinho de fundo de quintal.

Agora nas bocas viperinas da Esplanada dos Ministérios, o genial Monteiro Lobato disse, certa vez, "é com homens e livros que se constrói uma nação". Por tudo o que vimos nos últimos dias, tal a prece de Monteiro Lobato ainda demora a se transformar em realidade.

Quando um parlapatão como Luiz Inácio da Silva, que diz odiar a leitura, ganha o direito de discursar aos bolhões na Academia Brasileira de Letras, diante de atônitos e enfileirados acadêmicos, é porque o Brasil está a anos-luz de ser o país do futuro. Que dirá o país de todos. Com roteiro semelhante se ergue uma ditadura.


 

(copiado de http://ucho.info/no-pais-de-todos-a-ignorancia-do-povo-serve-como-atalho-para-a-ditadura)

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