Feliz Natal a todos os meus leitores! (O título do post é uma piada, mas o artigo é muito sério. Merece ser lido e, depois, refletido)
Por que desejar "Feliz Natal" pode ofender alguém? Uma sociedade sem símbolos é uma sociedade mais frágil. E o que une mais do que o Natal?
No mundo de hoje, um mundo em que não é preciso ter mais do que 15 anos de idade para já ter saudade dos bons tempos que não voltam mais, é proibido dizer “Feliz Natal”. A moda é apenas falar “Boas festas”, para não ofender aqueles que não acreditam no que o Natal significa.
É uma mania bastante estranha. Poucos se preocupam em perguntar se as pessoas realmente acreditam na vantagem do modelo republicano sobre nossa admirável monarquia ao comemorar o 15 de novembro, ou o feriado mais disputado de todos: se ninguém se ofende com a existência do carnaval e propõe que nossa individualidade não seja tomada por gente drogada dançando uma batida horrorosa que chamam de música enquanto trocam fluídos corporais com desconhecidos nas ruas.
Mas no Natal, tiro e queda, todas as lojas, canais de TV, sites e empresas que antes se enfeitavam e embelezavam a cidade com o espírito do Natal, não mais que de repente, pararam de brilhar, de usar árvore, algodão em formato de neve, Papai Noel e presentes. Porque isso “ofende” quem não gosta de Natal. Então, é melhor, pela famosa ditadura da minoria democrática, não comemorar o Natal.

Por que a palavra “Natal” virou um anátema, Aquela-Que-Não-Deve-Ser-Nomeada, algo a se temer, a se envergonhar, quase como ser pego com uma revista Sexy no banheiro, uma felicidade que só pode ser compartilhada às escondidas, como adolescente indo comprar cigarro escondido e surrupiando e acobertando o conteúdo dos pais e professores? Por que o nascimento de Jesus ofende tanto, mas eventos que não fazem bem, mas enaltecem o mal, não ofendem nada?

Foi o que tentou fazer a Revolução Francesa, instaurando à marra um calendário mais “racional”, com 12 meses de trinta dias, com 5 ou 6 dias adicionais (a Natureza e a realidade, afinal, não estava muito interessada nos esquematismos “racionais” dos iluministas, e a Terra continuou seu curso não-decimal). Os dias, oh, horror, foram divididos em 10 horas com cem partes (como minutos) divididas em outros cem (como segundos). Alguns não entendem por que os povos anglo-saxões, amantes da liberdade, sempre odiaram o sistema métrico: admirar à distância a maluquice dos revolucionários iluministas tentando implantar suas “luzes” pela Europa fazia qualquer inglês abraçar polegadas, milhas e galões.
Qualquer estudante de antropologia sabe que os símbolos religiosos, os objetos de culto, são anteriores a algo como um Estado ou um sistema político. Pensamos em sumérios ou vikings e já lembramos de seus deuses, não de sua forma de organização política. Mircea Eliade, o maior estudioso das religiões no mundo, em seu clássico O Sagrado e o Profano, já explicou que a visão de mundo religiosa, que divide o mundo entre sagrado e profano (e não “religioso” e “laico”), permanece mesmo no mais secular dos pensamentos modernos/istas. Mas o homem da multidão da era das massas consegue muito bem entender o sentido de um conto taoísta chinês com 23 séculos sem abandonar seu ateísmo, mas é incapaz de apreciar seu próprio calendário e a salvação que deve ao Ocidente, e ao que ele próprio pensa, ocidentalmente. É capaz de admirar o festival de auto-imolação com navalhas de Ashura, mas odiar o Natal.
Tal dessacralização, cujo mau exemplo da Revolução Francesa deveria ser o sobejante para quem “estudou História”, decapita a sociedade daquilo que Philip Rieff chamava de “ordem sacra”: a coleção de símbolos da sociedade que demandam uma obediência imediata, pré e pós-racional, que é compartilhada por todo o coletivo, seja o vermelho de um sinal de trânsito até o código de vestimenta em um fórum.
Uma sociedade sem tal hierarquia e ordenamento é presa fácil para uma sociedade com ordenamentos mais rígidos, e não mais brandos, como os seculares anti-Natal podem parecer crer. A invasão islâmica na Europa é capaz de islamizar de fato o continente caso ele todo seja “secular” e ponha em xeque cada um de seus símbolos com medo de ofender “minorias”, até mesmo o então universal Natal, ou se simplesmente afirmar que o Natal é bom, que o celebramos devido ao nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, calendário gregoriano, amém, nosso Salvador se sacrificou por nós para que encerrássemos o ciclo de mitos antigos que exigiam sacrifícios humanos, o que até quem não é cristão pode agradecer a Cristo? E como, afinal, ao menos entender o mundo e seus símbolos se tais símbolos é que não podem ser nomeados, com medo de hipersensibilidades seletivas?
Pense-se na Hégira islâmica, a migração que marca o início do calendário muçulmano como forma de conquista, e é copiada hoje com a imigração de populações masculinas islâmicas para a Europa. Quando muçulmanos comemoram seu calendário, não entendido por ocidentais que o defendem e relativizam, alguém se preocupa em saber se tal visão de mundo “ofende” alguém, ou mesmo se ela não representa algo malévolo – bem ao contrário do Natal, que só pode ofender quem busca se ofender com um bebê em uma manjedoura? Alguém sabe ao menos o que está acontecendo, ou ainda cairemos na esparrela de “crise migratória”? No maior clássico da filosofia política, Ordem & História, Eric Voegelin identifica justamente a abolição e descrédito dos símbolos como a crise que derruba impérios.
O Facebook, por exemplo, parece ter sido um dos primeiros (e mais significativos) empreendimentos ocidentais a abolir o Natal e, no lugar, em nome da “não ofensa” e do “multiculturalismo” e do “secularismo”, enfiou justamente uma torre que é um nítido minarete de mesquita para as pessoas comemorarem o Natal que devem a Jesus Cristo:

Não é um caminho muito diferente do traçado pelo Google, que prefere crer que nosso calendário apenas marcou o começo do verão, a época de ir pra praia e ouvir funk e pagode, sem nenhum significado além de nossa incidência de raios de sol, já que o Natal “ofende”:
Tal decapitação de nossa ordem sagrada com o medo de se desejar “Feliz Natal” só pode mesmo ser substituída pela infiltração islâmica, apoiada justamente pela esquerda mais secular, atéia e “científica”, como o provam textos de ateus com horror ao “Feliz Natal” e usando como exemplos de pessoas que podem se ofender imagens de muçulmanos. Não há muitos textos de esquerdistas e progressistas se perguntando se ocidentais não gostam de burca, de proibição de álcool e jejum no Ramadã ou se ficam razoavelmente ofendidos em serem mortos por serem infiéis segundo o Corão em atentados terroristas. Para estes, tão somente tolerância.
O Natal (e a Páscoa) é o que o Ocidente tem de mais sagrado. É o que faz as pessoas felizes, lembrando que o tempo caminha para frente, mas também em eventos cíclicos, e podemos ao menos lembrar e nos esforçar para sermos melhores lembrando destas datas.
Afinal de contas, quem, além de algum psicopata, poderia se ofender ao se desejar “Feliz Natal”?
Um feliz Natal a todos os nossos leitores e que Deus nos abençoe neste 2017, com paz e sem sangue de inocentes imolados!
(copiado de: http://sensoincomum.org/2016/12/26/nao-boas-festas-feliz-natal/)
(copiado de: http://sensoincomum.org/2016/12/26/nao-boas-festas-feliz-natal/)
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