Seremos todos cúmplices?


11/09/2014
 às 9:48 \ CorrupçãoDemocraciaPolítica

Que país é esse? Ou: O perigoso sonambulismo de um povo cúmplice da roubalheira

Dilma e "Paulinho", o delator que entregou o esquema
Dilma e “Paulinho”, o delator que entregou o esquema
Acordei sorumbático hoje. Um dos maiores escândalos de corrupção vem à tona por denúncias de um importante ex-diretor da Petrobras, a maior empresa do país, e pouco ou nada muda no quadro eleitoral? Paulo Roberto Costa não é um tucano, um jornalista da “imprensa golpista” ou um “neoliberal” que deseja prejudicar o PT. Era o homem de confiança do próprio governo, que Lula chamava de “Paulinho”.
O estrago econômico da passagem do PT pelo poder será enorme e levará tempo até ser totalmente sanado. Mas o estrago moral é o que mais me preocupa. Nunca antes na história deste país houve uma banalização do crime de tal monta. A percepção de que “todos fazem”, de que “todos são iguais” tomou conta do país. A própria propaganda enganosa do PT, somada ao esforço de muitos “jornalistas”, levou a esse quadro de passividade, negligência e sonambulismo.
Ninguém mais parece se importar com os escândalos. Estima-se em R$ 10 bilhões os desvios realizados por uma quadrilha dentro da estatal, debaixo das “barbas” da presidente, envolvendo vários nomes graúdos do governo, e nada? Dilma e Marina Silva estão empatadas no primeiro e no segundo turnos? Dilma, na verdade, teria subido dois pontos percentuais no segundo turno? Que país é esse?
Quando Lula foi reeleito em 2006, no auge do escândalo do mensalão, os sinais de cumplicidade do povo já eram claros. Mas a esperança é a última que morre. Tentamos racionalizar, pensando que a euforia causada pelo crescimento econômico ajudou a tapar o sol com a peneira. O eleitor médio, afinal, não teria como saber que a euforia era temporária e insustentável, produzida por estímulos artificiais e fatores exógenos.
Mas agora? Com a economia em recessão, a inflação machucando todas as famílias, e escândalos emergindo com velocidade maior do que nossa memória consegue preservar? Como podem ainda votar no PT? Como podem desejar a continuação… disso? É muito descaso com a ética e até com o próprio bolso. É ilógico demais. É irracional. E é extremamente indecente, imoral.
É preciso ser dito, sem rodeios: o PT não tem mais eleitores; tem cúmplices. E assusta constatar a grande quantidade de cúmplices, de gente que jogou na lata do lixo valores e princípios, que não está nem aí para a corrupção, para os “malfeitos”. Sim, há muita ignorância. Mas ela, por si só, não dá mais conta da explicação. E Dilma não tem o voto só dos miseráveis e ignorantes.
O eleitor do PT está claramente dando um atestado de que não liga para a roubalheira. Quer apenas ser sócio no butim. Como não ficar carrancudo e melancólico em um país desses?
Rodrigo Constantino

(copiado de: http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/) 

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