PT - Partido do Trambique

ALOPRADOS 2010: HISTÓRIA COMPLETA
Novamente, uma campanha petista é flagrada em atitudes "heterodoxas", envolvendo compra de dossiês e outras acusações. A história é longa, mas não exatamente complicada. Vamos lá:
1 - Surgiram rumores da fabricação de um dossiê contra José Serra. Sobre isso, o PT desconversava e, quando o assunto se tornou inevitável, blogueiros ligados a estatais do Governo Federal ironizavam o tópico como se nada disso existisse;
2 - "Dossiê" passou a ser algo de somenos importância, pois surgiu um esquema envolvendo espionagem, arapongas e tudo mais. No centro de tudo, Luiz Lanzetta, da empresa Lanza e, como pano de fundo, disputa interna no próprio PT, entre Pimentel (MG) e Rui Falcão (SP);
3 - Na semana passada, uma parte da rede de espionagem foi exposta, mas, ainda assim, alguns blogueiros que se dizem independentes prosseguiam ignorando a trama e negando a existência de qualquer "dossiê". De todo modo, falava-se que o esquema estava desbaratado por uma parte da equipe de campanha petista;
4 - Nesta última sexta-feira, o jornal O Estado de São Paulo publica longa reportagem relatando uma parte nova do esquema de espionagem envolvendo a campanha petista, POUCAS HORAS DEPOIS da versão do partido ser divulgada na web (e ser vergonhosamente desmentida);
5 - Mais umas horas se passam e chega a edição online da Veja, com entrevista de Onézimo de Souza, delegado aposentado da Polícia Federal, detalhando o serviço que deveria prestar à campanha de Dilma (incluía até mesmo escutas telefônicas);
6 - Lanzetta pede afastamento da campanha petista;
7 - Não contentes em soltar a primeira versão em defesa do partido, quase que imediatamente desmentida de forma vexatória, alguns porta-vozes online desenham estratégias de defesa escalafobéticas, que já nascem mortas, como a tentativa de relacionar o araponga Onézimo como "homem de Itagiba", sendo o próprio Itagiba "homem de Serra" e, desta feita, tudo seria uma "armação" (que, por sinal, teria dado certo, pois pessoas da campanha de Dilma se reuniram e fizeram proposta a ele, mesmo conhecendo o tal histórico que somente agora nos é apresentado);
8 - Mas os fatos são outros, pois da reportagem do Estadão consta o seguinte:
"A articulação para montar uma central de dossiês a serviço da campanha de Dilma Rousseff à Presidência da República contou com a participação de arapongas ligados aos serviços secretos oficiais. Um deles é o sargento da reserva Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, recém-saído do Cisa, o serviço secreto da Aeronáutica. Conhecido personagem de apurações sigilosas em Brasília, o sargento esteve, por exemplo, ao lado do delegado Protógenes Queiroz nas investigações que deram origem à Operação Satiagraha, que levou o banqueiro Daniel Dantas à prisão. A participação de Idalberto de Araújo remonta às origens do plano de inteligência petista. Em abril, após ter sido procurado por emissários da campanha, o sargento disse que aceitaria o serviço, mas necessitaria de apoio. Deixou claro que, para executar a missão proposta pela campanha, seria preciso chamar mais gente. O sargento, então, indicou um amigo de longa data, o delegado aposentado da Polícia Federal Onésimo de Souza, dono de uma pequena empresa de segurança instalada num conhecido centro comercial de Brasília. As conversas avançaram. Outros agentes, dentre eles um araponga aposentado do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI) e um militar que já serviu à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), chegaram a ser contatados para integrar a equipe. O passo seguinte foi chegar a um valor para o serviço." (grifos nossos)
Como se vê pela reportagem do Estadão, Onézimo não se ofereceu, mas sim foi CHAMADO por Idalberto que, por sua vez, TAMBÉM FOI CHAMADO pela campanha petista. E muitos outros também o foram, ou seriam - o atual linchamento ao delegado ocorre porque ele deu a entrevista, complicando de vez a vida do PT, apenas isso;
9 - A aposta, agora, é num livro sobre as privatizações do governo FHC. O PT, na época, entrou com processo contra os tucanos e até este ano todos os envolvidos nesse procedimento eram tratados, pelos adversários, como criminosos. O processo foi julgado em definitivo e o PSDB ganhou a causa (neste ano!). Mas o dossiê, que agora se chama "livro", será lançado mesmo assim (o dossiê da Casa-Civil, quem não se lembra?, virou "banco de dados");
10 - Lanzetta saiu da campanha, como foi dito, mas e a empresa Lanza e seus contratados? Ela continua? Nada mais será feito? Fica tudo por isso mesmo?
Esse é um resumo do Caso dos Aloprados 2010.
(copiado do blog Imprensa Marrom, em 07/06/10)

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