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Mostrando postagens de janeiro, 2025

Editorial do Estadão, 27/01/2025 - 'A arte lulista de iludir'

  A arte lulista de iludir Lula avisou a ministros que pode desistir de disputar a eleição em 2026. É uma artimanha tipicamente lulista: o presidente não pensa em outra coisa que não seja se manter no poder Na mesma reunião ministerial em que anunciou, sem rodeios, que “2026 já começou”, convertendo seu governo num insolente comitê de campanha, o presidente Lula da Silva também recorreu a uma de suas cartadas típicas, sobretudo em períodos pré-eleitorais: a arte de iludir, com a qual invariavelmente sugere sinais opostos a suas reais intenções para obter dividendos políticos no futuro próximo. Na parte pública da reunião, Lula tratou de invocar mais uma vez a “defesa da democracia”, atribuindo a seu governo (ou melhor, a si próprio) a missão de liderar a resistência nacional contra a “volta ao neofascismo, ao neonazismo e ao autoritarismo”, segundo suas próprias palavras. Já no momento fechado do encontro, o presidente fez chegar aos ministros a ideia de que seu nome poderá não est...

Terceiro editorial do Estadão, 22/01/2025 - 'O ministro sem senso de humor'

  O ministro sem senso de humor Alexandre de Moraes leva a sério livro que satiriza Eduardo Cunha e decide que ninguém pode lê-lo Um espírito censório vaga pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com desassombro poucas vezes visto sob a égide da Constituição de 1988. Têm sido recorrentes decisões de ministros do STF que cerceiam a liberdade de expressão de cidadãos nas redes sociais, tolhem a publicação de material jornalístico e tiram de circulação livros técnicos ou artísticos. Tudo, claro, sob a iluminação das mais nobres intenções de Suas Excelências – aquelas das quais o inferno está cheio. Há poucos dias, mais um ato de censura praticado pela Corte responsável pela guarda da “Constituição Cidadã” veio a público, mostrando que o STF parece disposto a abastardá-la no que a democracia tem de mais sagrado. Em decisão monocrática, o ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido do notório Eduardo Cunha e ordenou que o livro Diário da Cadeia, escrito por Ricardo Lísias sob o pseudôn...

Editorial do Estadão, 22/11/2025 - 'Governo vira comitê de campanha'

Governo vira comitê de campanha Lula diz a ministros que ‘a campanha já começou’ e cobra resultados prometidos, mas, com inflação e amarras fiscais, será difícil. Resta a carta fraudulenta da ‘defesa da democracia’ O presidente Lula da Silva avisou formalmente seus auxiliares na primeira reunião ministerial do ano que todo o seu governo deve começar já a trabalhar por sua campanha à reeleição, em 2026. E o fez sem rodeios nem ambiguidades: “O que eu quero dizer para vocês é que 2026 já começou”. A bem da verdade, Lula já está em campanha há muito tempo, mas agora é oficial – e, claro, tudo por culpa da oposição: “Pelos adversários, a eleição já começou. É só ver o que vocês assistem na internet para vocês perceberem que eles já estão em campanha”. Como tudo o que envolve Lula, há obviamente um bocado de mistificação. O que o petista chama de “campanha eleitoral” da oposição nada mais é do que a exploração política dos inúmeros erros do governo, o que é a essência do embate democrático....

Editorial do Estadão, 14/01/2025 - 'A regulação das redes requer prudência'

  Regulação das redes requer prudência É legítimo pugnar pela regulação das ‘big techs’, mas com respeito às competências dadas pela Constituição, e não por voluntarismo dos que se arvoram em fiscais de discurso A racionalidade nunca pautou o debate sobre a regulação das redes sociais no Brasil. E o que já era ruim piorou desde o anúncio das mudanças na política de moderação da Meta feito pelo CEO da empresa, Mark Zuckerberg, no dia 7 passado. De lá para cá, o que se vê é uma confusão institucional causada pela politização exacerbada do tema, o que só presta para atender aos interesses do governo Lula da Silva e do Supremo Tribunal Federal (STF) no que concerne à posição do Estado em relação às big techs, e não para iluminar uma discussão que deve ser travada primordialmente no Congresso. De antemão, é oportuno relembrar a posição deste jornal sobre a regulação das redes sociais. O Estadão defende a constitucionalidade do Marco Civil da Internet, sobretudo de seu art. 19, que estab...

Artigo de Marcos Lisboa, Folha, 11/01/2025 - 'Responsabilidade compartilhada'

Responsabilidade compartilhada Desequilíbrio fiscal é obra de muitas mãos Tornou-se lugar-comum criticar o governo federal pelo desequilíbrio fiscal. O Executivo tem a sua parcela de responsabilidade, mas o problema é bem mais complexo, e distinto, do que afirma o contraponto "a direita que não quer pagar imposto, e a esquerda não quer cortar despesa". Existem muitas regras que tornam a despesa do Estado brasileiro mais rígida do que em outros países, assim como diversos privilégios tributários. Elas contam com amplo apoio da esquerda e da direita, e refletem o sucesso de diversos grupos de pressão da sociedade. A reforma tributária foi abalroada por diversos setores, cada um justificando que seu caso era particular, e que não poderia pagar a alíquota padrão a ser cobrada do restante da sociedade. Empresas de profissionais liberais, como médicos, economistas e advogados, faturando milhões de reais por ano, conseguiram alíquotas reduzidas. Vale mencionar que já existe um benef...

Artigo de Wilson Gomes - 'Crítica cultural ou vigilância moral?' - Publicado em 08/01/2025 no Boletim do Meio Político - Canalmeio.com.br

  Crítica cultural ou vigilância moral? O debate em torno de "Ainda Estou Aqui" revela a dificuldade dos críticos identitários em entender o valor intrínseco de uma obra de arte Por Wilson Gomes Críticas identitárias ao filme  Ainda Estou Aqui   não apenas revelam a dificuldade de reconhecer o valor intrínseco de uma obra, mas também exemplificam o estágio avançado de um consenso ideológico progressista que tem transformado a crítica cultural em um exercício de vigilância moral com claras motivações políticas. Esse consenso frequentemente banaliza sofrimentos reais, impõe demandas de representatividade inalcançáveis e sufoca as singularidades artísticas e pessoais. Que a política e a ideologia identitárias, sobretudo as promovidas pela esquerda progressista, estejam se espalhando pela sociedade brasileira é algo que dificilmente se pode negar. Mesmo que, aparentemente, estejam em declínio em seu epicentro, os Estados Unidos, no Brasil elas continuam a moldar comportamento...

Segundo editorial do Estadão, 09/01/2025 - 'Lula e o ministro marqueteiro'

  Lula e o ministro marqueteiro Petista perde o que restava de pudor e nomeia seu marqueteiro para tocar a Secretaria de Comunicação, transformada de vez em braço publicitário de sua campanha à reeleição Acabou o pudor. O presidente Lula da Silva acaba de nomear o marqueteiro de sua campanha eleitoral de 2022, Sidônio Palmeira, como ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom). O demiurgo petista decidiu parar de fingir que respeita os limites institucionais da Presidência e resolveu converter a Secom de vez em braço publicitário de sua campanha à reeleição. A bem da verdade, a Secom, quando estava aos cuidados do petista Paulo Pimenta, já fazia esse trabalho. Em vez de se dedicar a “formular e implementar a política de comunicação e divulgação social do Poder Executivo federal”, como diz o texto legal que rege o trabalho da Secom, Pimenta usava a estrutura estatal para reverberar os discursos palanqueiros de Lula e do PT. Portanto, Pimenta foi demitido apenas por incompetê...

Editorial do Estadão, 09/01/2025 - 'Zuckerberg lava as mãos'

  Zuckerberg lava as mãos Dono da Meta se alinha a Trump ao derrubar a checagem profissional de postagens nas suas redes, mas o fato é que a mediação excessiva nesse ambiente é ruim para a democracia O dono da Meta, Mark Zuckerberg, informou que as postagens nas redes sociais que sua empresa administra não serão mais submetidas ao serviço de checagem de fatos. Ou seja, a veracidade do que ali circula passará a ser atestada apenas pelos usuários – um sistema semelhante ao adotado por um dos concorrentes da Meta, o X, de Elon Musk. Embora tenha embalado sua decisão num discurso de defesa da liberdade de expressão, Zuckerberg obviamente foi movido apenas pelos interesses comerciais de sua companhia: ao reorganizar seu serviço de modo a afrouxar os controles e ampliar o espaço para postagens políticas controversas, o empresário explicitamente se alinha ao futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que critica de modo feroz a moderação nas redes sociais. E Zuckerberg deixou cla...

Segundo editorial do Estadão, 07/01/2025 - 'Maduro rouba a eleição, e Brasil vai à posse'

  Maduro rouba eleição, e Brasil vai à posse O governo brasileiro decidiu enviar representante à posse do ditador venezuelano, estágio final de uma crise contratada pelo compromisso ideológico do lulopetismo com o chavismo O governo do presidente Lula da Silva enviará uma representante à nova posse do ditador venezuelano Nicolás Maduro, marcada para 10 de janeiro. Será a embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira. Os exegetas do Palácio do Planalto se apressaram em tentar edulcorar a decisão, destacando que o presidente ficará no Brasil e não enviará nenhum ministro a Caracas, e que a presença da embaixadora não significa que o governo brasileiro reconheceu o resultado da eleição fraudada com mão de ferro pela ditadura chavista. Mais um pouco e dirão que o envio da representante brasileira é uma sanção diplomática para marcar posição. Como tudo o que diz respeito à imoral relação de Lula da Silva com Maduro e sua ditadura, dá-se aos fatos e aos gestos nomes dist...